Microsoft continua a desinvestir nos telemóveis e despede 1850 pessoas

Empresa está quase a desaparecer do mercado: Windows tem uma quota de 0,7% nos smartphones.

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Satya Nadella tem vindo a cortar na divisão de telemóveis Alex Wong/Getty Images/AFP

A Microsoft deu mais um passo para desinvestir no negócio dos telemóveis. A empresa anunciou nesta quarta-feira o despedimento de 1850 pessoas na divisão responsável pelos smartphones Lumia – uma medida que terá um impacto negativo de 950 milhões de euros nas contas da companhia.

A grande maioria dos cortes de pessoal, que deverão estar concluídos em Julho de 2017, acontecerão numa das subsidiárias finlandesas da Microsoft, que já tinha assumido há um ano que a compra dos telemóveis da Nokia, feita em 2014, acabou por se traduzir essencialmente em activos sem valor.

 “Estamos a concentrar os nossos esforços nos telemóveis nas áreas em que temos diferenciação”, explicou, num comunicado, o presidente executivo Satya Nadella, referindo-se a serviços de segurança e gestão de dispositivos para empresas. “Vamos continuar a inovar nos dispositivos e nos nossos serviços em nuvem para todas as plataformas móveis”, acrescentou, referindo-se à estratégia da empresa de disponibilizar aplicações e serviços para os sistemas operativos rivais.

O despedimento – que não é o primeiro nesta área de negócio – surge quando a Microsoft está quase a desaparecer do mercado dos smartphones. Segundo a analista Gartner, o Windows (que, nos telemóveis, equipa essencialmente os aparelhos da própria Microsoft) teve no primeiro trimestre do ano uma quota de 0,7%, muito menos do que os 2,5% registados um ano antes. O sistema Android, que equipa aparelhos de várias marcas, tinha no primeiro trimestre perto de 79%, ao passo que o iOS, da Apple, conseguia 18%.

Apesar de a empresa não ter anunciado planos para sair inteiramente do segmento dos telemóveis, este parece ser um processo em curso. Já na semana passada, a Microsoft tinha desistido dos telemóveis tradicionais, que, ao contrário do que acontece com os smartphones, ainda são comercializados com a marca Nokia.

O direito a usar a marca Nokia (que continua a ser propriedade da multinacional finlandesa com o mesmo nome) e outra propriedade intelectual foram vendidos a uma nova empresa, chamada HMD Global, que vai desenvolver telemóveis tradicionais, smartphones e tablets (com Android). Por outro lado, as fábricas e a estrutura de distribuição foram vendidas à fabricante taiwanesa Foxconn, que vai passar a trabalhar com a HMD, uma empresa com sede na Finlândia e criada por ex-quadros da Nokia e da Microsoft.

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