Há um novo cirurgião: é um robot e promete sucesso nas operações delicadas

A experiência é uma estreia na cirurgia de tecidos moles e os testes demonstram uma taxa de sucesso superior às técnicas alternativas.

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Novo robot não pretende substituir cirurgiões, mas funcionar como ferramenta de precisão. Enric Vives-Rubio

Um robot autónomo foi capaz de juntar duas partes do intestino de um porco, o que representa um avanço na cirurgia delicada de tecidos moles, onde existe um elevado risco de ocorrerem complicações. Até agora, os maiores progressos conquistados na cirurgia robótica foram realizados em cirurgias ósseas, mas não em tecidos moles que, por serem maleáveis, se tornam mais imprevisíveis. Este avanço tecnológico na medicina, executado sob a supervisão de um cirurgião, traz consigo um cenário mais positivo no número de casos de sucesso neste tipo de cirurgias, comuns na remoção de tumores causados pelo cancro do cólon, por exemplo.

O novo robot, o STAR (Smart Tissue Autonomous Robot), não vem substituir os cirurgiões, garantem os investigadores. O projecto, ainda em fase de estudo pré-clínico, pretende funcionar como uma ferramenta de maior precisão, explicam os investigadores na revista Science Translational Medicine.

No ensaio científico, os investigadores relatam a comparação das capacidades do robot às de uma cirurgia normal, operada manualmente, bem como à laparoscopia, um método cirúrgico minimamente invasivo, e à cirurgia assistida por estas autómatos. Em todas elas o desempenho do robot STAR foi superior.

Actualmente, as cirurgias assistidas pelos robôs dependem inteiramente da aptidão manual de cada cirurgião, que reflectem a experiência e formação de cada médico, variando os seus resultados. “Ao eliminar a intervenção humana, os robôs autónomos podem reduzir a probabilidade de complicações e melhorar a eficácia destas intervenções cirúrgicas em tecidos moles”, promovendo “eficácia, segurança e melhorando o acesso a técnicas cirúrgicas optimizadas”, afirmam os cirurgiões envolvidos no estudo.

Uma informação essencial tendo em conta estudos recentes que mostram que os erros médicos, incluindo em hospitais, são a terceira causa de morte dos doentes, destaca a AFP.

Peter Kim, professor de cirurgia na Universidade norte-americana de George Washington, compara a técnica à “caixa de velocidades de um carro ou dos sistemas autónomos que param os veículos perante um obstáculo: eles permitem reduzir o número de acidentes e de mortes. Aplica-se a mesma lógica na tecnologia robótica cirúrgica”.

Como funciona?

O STAR funciona com um braço robótico e instrumentos cirúrgicos, combinando tecnologias de imagens inteligentes e etiquetas florescentes que se adaptam às complexidades do tecido mole.

Todos os animais do estudo sobreviveram às intervenções sem quaisquer complicações, afirmam os investigadores, que estimam que ainda passarão alguns anos até que o robot STAR seja autorizado pela Agência Americana de Medicamentos (FDA), uma vez que deverá ainda ser sujeito a mais ensaios clínicos para garantir que não apresenta riscos para os seres humanos.

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