Google e Facebook juntam-se a media franceses contra notícias falsas nas eleições

Mecanismos para a verificação de factos também estão a ser implementados nos EUA e na Alemanha.

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As notícias falsas tornaram-se uma preocupação nas eleições americanas Reuters/LUCY NICHOLSON

Com as eleições francesas à porta, o Facebook e a Google lançam várias iniciativas para reduzir a difusão de notícias falsas em França. As novidades surgiram esta segunda-feira durante a conferência News Impact Summit, em Paris.

O Cross Check é a proposta do Google: trata-se de uma ferramenta para assegurar a qualidade da informação online, em parceria com vários órgãos de comunicação franceses e com a rede internacional de verificação de factos First Draft. "Com a eleição presidencial  no horizonte, os jornalistas e as redacções francesas e estrangeiras vão colaborar para identificar e verificar a veracidade dos conteúdos que circulam online, sejam fotografias, vídeos, memes [uma imagem, vídeo ou frase, tipicamente com contornos humorísticos, que se espalha em variantes pela Internet], ou comentários de sites de actualidade,” lê-se no comunicado de apresentação do projecto.

O responsável do Google News Lab em França, David Dieudonné, acrescenta que a iniciativa surge no seguimento da parceria do Google com a rede First Draft aquando as eleições americanas: "É natural continuarmos a apostar neste método único, em colaboração com várias redacções francesas, para auxiliar a cobertura de uma das eleições mais seguidas na Europa.” 

A primeira fase das eleições, que irão decidir o sucessor do actual presidente francês François Hollande, tem data marcada para dia 23 de abril. Os dois candidatos mais populares avançarão para um segundo voto, a realizar-se a 7 de Maio.  O resultado das eleições francesas pode ser decisivo para o futuro da União Europeia. Tirando o candidato independente Emmanuel Macron – que diz não ser "nem de esquerda nem de direita" – vários dos candidatos presidenciais são abertamente eurocépticos. Uma das candidatas mais populares, a ultra-nacionalista Marine Le-Pen, promete um Governo que tiraria a França da zona euro e proporia um referendo à permanência na União Europeia

De entre os órgãos noticiosos escolhidos pelo Google News Lab para cobrir as eleições, estão a agência AFP (Agence France Presse), o BuzzFeed News, o jornal La Voix du Nord, e o grupo Le Monde. Além dos profissionais de jornalismo, os estudantes franceses também foram convocados para ajudar a combater as noticias falsas. Vários alunos na área da comunicação social serão seleccionados para receber formação em técnicas de pesquisa avançada. Ficarão posteriormente responsáveis pela escrita de actualizações sobre notícias que estejam a ser contestadas no Cross Check, sobre supervisão da AFP.

O Facebook, que é outro dos grandes parceiros da rede First Draft, vai facilitar o processo ao permitir que os membros do projecto Cross Check acedam ao CrowdTangle, uma ferramenta para identificar e monitorizar o conteúdo social relacionado com as eleições.

França torna-se também o terceiro país a implementar a ferramenta de verificação de factos do próprio Facebook, depois dos Estados Unidos e da Alemanha. Segundo um comunicado da equipa francesa, a intervenção foca-se em ajudar os próprios utilizadores franceses a denunciarem notícias falsas e em trabalhar com organizações especializadas na verificação de factos para que aquelas notícias sejam sinalizadas. O objectivo passa também por diminuir a difusão de notícias falsas ao impedir que os criadores deste conteúdo obtenham qualquer lucro dos cliques que receberem.

À semelhança do projecto Cross Check, o Facebook vai contar com a colaboração de organizações de notícias francesas como a AFP e o Le Monde. 

Texto editado por João Pedro Pereira

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