Ford quer produzir carros autónomos em massa para serviços tipo Uber

Veículos não terão guiador nem pedais e deverão estar no mercado em 2021.

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O ambiente confuso das cidades é um desafio para os carros que conduzem sozinhos Daniel Rocha

Várias marcas já comunicaram a intenção de terem nas estradas carros autónomos algures no virar da década. Mas a Ford fez agora uma promessa muito concreta: em 2021 estará a produzir em massa automóveis inteiramente autónomos para serem usados em serviços do estilo da Uber.

Numa conferência de imprensa nesta terça-feira, a histórica fabricante americana disse que pretende triplicar este ano o número de veículos autónomos, passando a ter cerca de 30 unidades nas estradas, com o objectivo de voltar a triplicar a frota em 2017. Vai também duplicar o número de pessoas a trabalhar em Palo Alto, um importantes pólos tecnológicos na Califórnia. Por fim, anunciou investimentos e parcerias com quatro startups que trabalham em tecnologias como sensores e mapas tridimensionais.

As declarações do presidente executivo da Ford, Mark Fields, foram ambiciosas, ao comparar o impacto dos carros que conduzem sozinhos com a linha de montagem implementada pelo fundador da marca, Henry Ford, que criou o primeiro automóvel de baixo custo e revolucionou os processos de produção em fábrica. “A próxima década vai ser definida pela automação do automóvel, e nós vemos os veículos autónomos a terem um impacto na sociedade tão significativo como teve a linha de montagem de Ford há 100 anos”, afirmou Fields. “Estamos a dedicar-nos a pôr na estrada um veículo autónomo que possa melhorar a segurança e resolver problemas sociais e ambientais para milhões de pessoas – não apenas para aqueles que podem comprar veículos de luxo.”

A empresa, porém, não está a apostar em criar modelos para serem usados como automóveis particulares. A ideia é que os veículos – que não terão volante ou pedais – façam parte de frotas para serviços de partilha de automóveis ou de transporte com motorista, ao estilo da Uber. É um cenário que já foi defendido por alguns especialistas: os carros autónomos funcionarão como uma espécie de rede de transportes públicos. Também a Uber já disse que um dos seus objectivos é concorrer com os carros próprios, eliminando a necessidade de compra do automóvel, sobretudo para um segmento de consumidores jovens e urbanos que preferem a comodidade de chamar um carro com telemóvel do que a despesa e a logística associadas a terem um carro.

Para concretizar o plano, a Ford anunciou ter comprado a empresa isrealita Saips e uma parceria com a americana Nirenberg Neuroscience – ambas desenvolvem tecnologia para que os computadores possam “ver” o ambiente que os rodeia e extrair daí informação. Investiu também nas americanas Civil Maps (que faz mapas tridimensionais) e Velodyne (que produz sensores).

A ideia de fabricar carros autónomos tem posto os fabricantes a trabalharem com várias empresas tecnológicas para tentarem superar o desafio de terem veículos capazes de andarem nas estradas com segurança, em particular nos confusos ambientes urbanos. A tecnologia ainda tem falhas. O Google já reconheceu que os seus carros autónomos tiveram vários acidentes. No final de Junho o condutor de um Tesla morreu quando o automóvel seguia em piloto automático. Nem o condutor nem o carro se terão apercebido de um camião que atravessava a estrada em frente a eles. Segundo a marca, a luz do sol terá impedido o veículo de “ver” o camião. 

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