AlphaBay e Hansa: foram encerrados os dois maiores mercados negros da deep web

Para o director FBI, o encerramento das duas maiores plataformas de mercado negro online — destinadas à venda de armas, drogas e malware — é “um marco histórico”.

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O director do FBI, à direita, considera que o encerramento é "histórico" Reuters/AARON P. BERNSTEIN

As plataformas AlphaBay e o Hansa, dois dos maiores mercados ilegais na deep web – uma parte distinta da rede a que só se pode aceder com programas específicos ou com autorização – foram confiscados nesta quinta-feira pelo FBI e pela polícia holandesa, com o apoio do Serviço Europeu de Polícia (Europol). Estes sites operam através da rede Tor, permitindo aos utilizadores que naveguem de forma anónima, podendo aceder a mercados ilegais de drogas, armas e a malware (vírus informáticos escritos para causar danos aos dispositivos). O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, explica que o encerramento destas duas plataformas resulta de "uma das maiores investigações criminais e mais importantes do ano, que permitiu derrubar uma das maiores redes [ilegais] na deep web da história”.

Antes de ser removido da Internet, havia registo de mais de 250 mil drogas e substâncias químicas tóxicas à venda no AlphaBay, plataforma em que estavam registados 200 mil utilizadores e 40 mil vendedores, segundo um comunicado divulgado pela Europol nesta quinta-feira. Dada a dimensão das duas plataformas, o director do FBI, Andrew McCabe, considera que a apreensão "é um marco histórico". 

Jeff Sessions afirmou ainda que os Estados Unidos têm conhecimento de várias mortes de cidadãos norte-americanos relacionadas com o consumo de drogas que tinham sido adquiridas no AlphaBay, considerado um dos maiores mercados ilegais nesta parte anónima da Internet. A título de exemplo, o procurador-geral fala da morte de uma jovem de 18 anos, em Fevereiro deste ano, após ter consumido opiáceos sintéticos comprados na deep web.

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Courtesy U.S. Justice Department/Handout via REUTERS

"A deep web não é lugar para se esconderem", avisa o procurador-geral citado pela Reuters, em declarações dadas durante uma conferência de imprensa em Washington, referindo-se aos criminosos que recorrem a este tipo de plataformas, sob a pretensão de que podem fugir às acusações. "A capacidade dos traficantes de droga e de outros criminosos por todo o mundo ficou seriamente afectada", congratulou-se, por sua vez, o director-executivo da Europol, Rob Wainwright, nesta quinta-feira. De acordo com a BBC, vários utilizadores suspeitaram que o AlphaBay e o Hansa tivessem sido apreendidos pelas autoridades assim que deixaram de conseguir aceder no início do mês às plataformas, já offline. Ainda assim, os sites não foram completamente encerrados logo no início da investigação: foram durante algum tempo vigiados pelas autoridades para detectar actividades suspeitas.

A detenção do presumível fundador do Alphabay, o canadiano Alexandre Cazes, aconteceu a 5 de Julho na sequência da investigação que contou também com a ajuda das autoridades de vários países, como a Tailândia, a Lituânia, o Canadá, o Reino Unido e a França. O jornal britânico Guardian escreve que Cazes estava acusado de distribuição de narcóticos, roubo de identidade e lavagem de dinheiro. O canadiano, de 25 anos, ter-se-á suicidado uma semana depois de ter sido detido. 

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