Escolhidas 40 sociedades para receberem 18 milhões e investir em startups

Linha de financiamento a business angels tem ainda oito milhões para atribuir numa segunda fase.

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Fernando Veludo/NFACTOS

Foram seleccionadas 40 sociedades de investimento para receber fundos públicos no âmbito da linha de financiamento aos chamados business angels, que investem quantias relativamente reduzidas em fases iniciais das startups. No total, está previsto que sejam distribuídos neste primeiro concurso 18,3 milhões de euros, dos cerca de 26 milhões disponíveis. 

A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IDF, uma entidade pública também conhecida informalmente por banco de fomento) recebeu 87 candidaturas, das quais sete não cumpriam as normas do concurso, duas desistiram e seis foram avaliadas pelo júri como não tendo mérito para receber financiamento. Das candidaturas apresentadas, 72 foram consideradas “elegíveis”, mas apenas 40 acabaram por ter fundos alocados, em valores que oscilam entre os 40 mil e os 750 mil euros, que é o máximo permitido pelas regras. Os números constam do relatório preliminar da deliberação do júri, que data do final de Setembro e a que o PÚBLICO teve acesso. 

A empresa com melhor classificação na avaliação do júri foi a Semeia Ventures (à qual foram atribuídos 750 mil euros), seguida da Startup Braga (658 mil euros) e da Ganexa Seed Capital  (também 750 mil euros). Ao todo, foram 13 as sociedades escolhidas para receber o valor máximo. De acordo com as regras da IFD, os fundos atribuídos a cada sociedade poderão representar, no máximo, 65% do total do financiamento, com os restantes 35% a terem de ser obrigatoriamente um investimento privado.

Este financiamento pretende fomentar o investimento em startups, usando dinheiro público para acompanhar capitais privados. Para além desta linha, há uma outra para fundos de capital de risco, que ronda 98 milhões de euros e cujos montantes atribuídos a cada sociedade serão mais elevados. A IFD recebeu 26 candidaturas a esta linha e o processo de atribuição deverá estar concluído na próxima semana. Em Maio, o Governo estimou que estas duas linhas, em conjunto, farão chegar 460 milhões de euros à economia, numa altura em que há sinais de abrandamento do investimento de business angels em Portugal, precisamente por falta de instrumentos públicos.

O investimento dos business angels em startups é normalmente feito por compra de uma parte do capital. A ideia é que essa participação valorize – por exemplo, pela entrada de novos investidores numa fase mais tardia, pela venda da empresa ou por uma eventual entrada em bolsa. No ano passado, o investimento feito por business angels caiu 16% em relação a 2014, de acordo com o relatório anual da Eban, a associação europeia do sector. Ao todo, foram investidos aproximadamente 24 milhões de euros por um total de 624 business angels. Em 2014, o investimento tinha andado em torno de 28 milhões de euros, mais do dobro do valor de 2013 (este é, porém, um tipo de actividade difícil de quantificar e os dados da Eban baseiam-se em inquéritos e nos números das associações do sector). Ainda assim, Portugal surgia em 2015 como um dos países europeus com mais dinheiro investido em termos de percentagem do PIB.

No relatório, o júri do concurso do IFD considerou que estão reunidas as condições para distribuir os cerca de oito milhões que ainda sobram na linha para business angels, tendo em conta o número de candidaturas consideradas elegíveis e o facto de apenas 21 terem recebido a totalidade dos montantes que tinham pedido. “O júri (…) considera que poderão estar reunidas as condições para a abertura desde já da segunda fase do concurso para atribuição das dotações remanescentes, correspondentes a 30% das dotações globais”, lê-se no documento, que argumenta também que “fará sentido que se proceda à abertura de uma nova linha de financiamento para EV [entidades veículo] de BA [business angels] o quanto antes”.

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