Empresa do autoproclamado criador da bitcoin comprada por fundo de investimento

O australiano Craig Wright, que nunca provou ser o inventor da divisa, diz que o negócio fará a tecnologia crescer.

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Como forma de pagamento, a bitcoin não se massificou Reuters/MARK BLINCH

Um fundo de investimento de Malta comprou um conjunto de empresas do australiano Craig Wright, um empresário que diz ser o inventor da divisa digital bitcoin, muito embora nunca o tenha provado.

O fundo High Tech Private divulgou a aquisição nesta quinta-feira, num comunicado em que diz ter comprado uma empresa chamada nChain e várias empresas associadas, com operações no Reino Unido e no Canadá, e que têm “mais de 60 investigadores de classe mundial, engenheiros e outros profissionais”. A nChain é dona de várias patentes relacionadas com a bitcoin e registadas por Wright. O comunicado não faz referência ao empresário e acrescenta que a transacção deverá ser a maior no sector das bitcoins.

À agência Reuters, Wright disse que o negócio fará com que a divisa ganhe mais alcance: “Vamos escalar e fazer crescer a bitcoin, para que se torne em tudo aquilo para que foi pensada. O que eu faço é ajudar a aumentar o uso da bictoin, e quero vê-la a ser usada diariamente pelo menos por mil milhões de pessoas.”

Mais do que a bitcoin, é a tecnologia em que assenta que tem atraído atenções.

Como forma de pagamento, a bitcoin não se massificou, muito embora o seu valor (que sofre grandes oscilações) tenha aumentado ao longo dos anos. É usada sobretudo por entusiastas e também, uma vez que permite pagamentos anónimos, em mercados negros online e noutras transacções ilegais. Além disso, tem motivado alertas por parte das autoridades (nomeadamente, de bancos centrais). Porém, o sistema de registo de transacções que a bitcoin usa despertou o interesse de sectores que vão da banca ao transporte de mercadorias.

O funcionamento da divisa digital foi publicado em 2008, por uma pessoa (ou grupo  de pessoas) sob o pseudónimo Satoshi Nakamoto, num documento com o formato típico de um artigo científico. A tecnologia descrita por Nakamoto permite um sistema de transacções descentralizado, que prescinde de entidades como bancos ou empresas de processamento de pagamentos, nas quais as partes envolvidas têm de confiar.

As transacções ficam registadas naquilo a que se chama blockchain. Trata-se de uma base de dados distribuída, em que não é necessário um registo central. Pode ser usada para processar pagamentos, mas também para registar todo o tipo de bens e transacções, desde registos de propriedades a acções de uma empresa. A manutenção deste registo é feita por computadores ligados à rede, que têm de resolver um complexo problema matemático para validar novas transacções. Em troca deste trabalho, são recompensados com bitcoins.

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