Airbnb vai reforçar investimento e mudar de nome na China

O aumento do número de turistas justifica uma presença mais forte no mercado chinês.

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Brian Chesky, co-fundador da Airbnb, na apresentação do nome chinês Reuters/STAFF

A Airbnb prepara-se para fazer uma aposta séria no mercado chinês, a começar pela mudança de nome e pela duplicação do investimento. A partir desta quarta-feira, a startup vai passar a ser conhecida na China como “Aibiying”, mandarim para “dar as boas-vindas com amor”, e espera conseguir captar o interesse das gerações mais jovens de turistas.

A empresa norte-americana quer aumentar o volume de negócio no gigante asiático depois do aumento do número de clientes chineses que verificou no ano passado. Só em 2016, esse número subiu 146%, o que corresponde a cerca de 1,6 milhões de turistas. O número de imóveis associados à empresa também aumentou: de acordo com os dados fornecidos pelo líder da empresa, Brian Chesky, a Airbnb tem agora 80 mil imóveis na China.

À luz desses dados, Chesky considera que chegou a altura de aumentar o investimento e triplicar a mão-de-obra. De acordo com os dados do Business Insider, a startup empregava 60 pessoas na China até agora.

A plataforma que permite arrendar casas a turistas por curtos períodos de tempo vai aumentar a aposta em serviços como o Airbnb Trips, disponível na China apenas em Xangai, de acordo com o comunicado de imprensa enviado esta quarta-feira. O objectivo é dar ideias sobre coisas que se podem fazer e ver na cidade, de concertos a restaurantes. Este pacote também oferece aos turistas a possibilidade de fazer parte de excursões que mostram os bastidores da China tradicional, como a ópera milenar.

“Há toda uma nova geração de turistas chineses que querem ver o mundo de uma maneira diferente”, afirmou Chescky, citado pela Bloomberg, referindo-se aos millennials, a geração de pessoas aproximadamente entre os 20 e os 30 anos, que começa agora a ganhar poder de compra. Joe Gebbia, co-fundador da Airbnb, dá conta de um mercado de cerca de 300 milhões de millennials na China. A nível global, são a geração que mais usa a aplicação, e correspondem a quase 80% do mercado total da Airbnb.

“Eles não querem autocarros de turistas. Não querem pacotes turísticos. Não querem áreas turísticas. Querem experiências locais”, disse Gebbia numa entrevista na semana passada. “Não podia ser mais emocionante pensar nesta onda de millennials chineses que começam a ter rendimentos agora.”

Neste momento a Airbnb está avaliada em 30 mil milhões dólares e tem um total de três mil milhões de propriedades associadas à plataforma em 191 países. Apesar de ter conseguido penetrar no mercado asiático (nomeadamente no Japão), o mercado chinês tem sido um desafio, em parte, pelo facto de existir uma concorrência directa forte.

O principal rival, o site Tijua.com, já tem 450 mil imóveis. Algumas das suas parceiras, a CTrip.com, a segunda maior agência de viagens do mundo, e a Home Away oferecem soluções turísticas direccionadas especificamente para o cliente-tipo chinês, tendo em conta as suas preferências.

Como resposta, a Airbnb estabeleceu acordos com empresas e instituições públicas. Um deles, com a gigante do comércio online Alibaba, fez com que fosse possível pagar os alugueres com recurso à ferramenta Alipay, o equivalente local ao Paypal. Outro, com a Tencent, tornou possível o pagamento com recurso ao WeChat Pay, uma ferramenta disponível na aplicação de comunicação mais popular na China. Esta é uma tentativa da empresa de São Francisco se aproximar das especificidades culturais do gigante asiático. 

A aposta também passa por fazer parcerias com os governos locais. Até agora, há parcerias com quatro grandes cidades, incluindo Shanghai e Shenzhen, com vista à promoção do turismo. As conversas bilaterais com governantes podem vir a evitar problemas como os que aconteceram em Nova IorqueBarcelona.

Como principal ponto de diferenciação, a Airbnb apresenta-se como a única fornecedora de propriedades um pouco por todo o mundo. A percentagem de chineses que saem do país por motivos turísticos tem vindo a aumentar: só em 2016, registou-se um aumento de 142%.

Todos estes factores podem fazer com que a relação entre a Airbnb e a China seja mais feliz do que a de outras startups e empresas de tecnologia. A Uber, por exemplo, não conseguiu instalar-se no mercado chinês porque a competição local, o serviço Didi, continuou a ser o preferido dos chineses.

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