Viva a selvajaria

A Primavera está ser morta à medida que nasce. É um acto químico de censura.

Na Inglaterra mais de 90% dos prados contêm misturas de 5 flores selvagens que nunca coexistiram espontaneamente nas paisagens inglesas. Vieram todas de pacotes de sementes, ubíquas e baratas, que se proclamam como “flores selvagens”.

Em Portugal também causam feridas nos olhos as flores de cores brilhantes e duradouras de mais que provêm dos sortidos económicos que se compram nos supermercados da LIDL.

Aqui em Colares, mal começam a nascer as papoilas, os malmequeres e dezenas de outras plantas maravilhosas (como os cardos roxos e as violetas), aparecem brigadas de pessoas mal pagas, exploradas e sacrificadas, cuja horrenda missão é chover glifosato assassino sobre as plantas que nos deram a alegria de nascerem à beira das estradas.

Mataram as papoilas. Mataram as combinações espontâneas das flores de Maio e de Junho. Assistimos à matança. Foi horrível. Mataram a Primavera. Foi como se o mundo inteiro à nossa volta tivesse passado para preto-e-branco.

Entretanto a Bayer - a bilionária e gigantesca fábrica que nos deu a magnífica Aspirina  - processou a União Europeia por esta ter dito que o pesticida chamado thiacloprida prejudicava (e matava) as muito necessárias e beneficientes abelhas.

Hoje em dia o falso e interesseiro coexistem facilmente com a verdade e a inocência. A roupa é a mesma. Até a gama de cores é parecida.

A única coisa que importa é que a Primavera está ser morta à medida que nasce. É um acto químico de censura.

Mataram a primavera.

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