Veneno microscópico que não conhece fronteiras

De origem latina, virus teve como primeiros significados “peçonha”, “veneno”. Agora, os dicionários definem-na como “agente infeccioso diminuto, visível apenas ao microscópio electrónico, que só se reproduz no interior de células hospedeiras vivas”. Um deles nomeia dois vírus bem conhecidos: o da gripe e o da sida.

Actualmente, é o do ébola que mais preocupa o mundo, agora que o vírus extravasou as fronteiras da África Ocidental, onde terá sido responsável pela morte de quase 3900 pessoas.

“O mundo ‘falhou miseravelmente’ na sua resposta ao ébola, disse o presidente do Banco Mundial”, noticiou-se. Jim Yong Kim vaticinou ainda: “A crise vai ficar muito pior.”

Mas há quem fale em “histeria” e “embuste”, como o médico Manuel Pinto Coelho: “É importante saber-se que o vírus do ébola não se transmite com facilidade. Para haver transmissão do vírus, tal como acontece com o vírus da sida — o VIH —, é necessário um contacto directo com um líquido biológico do doente, como o sangue, as fezes ou o vómito.” Recorda o “negócio” com a “pandemia iminente” da “gripe das aves” (2005) e defende: “Importa não enviar camiões de vacinas ou medicamentos para África ou para onde quer que seja. Tal servirá unicamente para enriquecer alguns laboratórios farmacêuticos.”

“Vírus” traduz-se ainda por “mal moral de conotação contagiosa”. Exemplo: “O vírus da corrupção.” Há muito que também este ignorou fronteiras. Não apenas geográficas.

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