Vacina BCG começou a ser distribuída mas só para grupos de risco

Doses estão em falta há um ano. Compra a laboratório japonês permitiu repor abastecimento, mas apenas para casos prioritários.

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As autoridades dizem que não há "nexo de causalidade entre a reacção e a administração das duas vacinas" Eva Carasol/ Arquivo

A vacina contra a tuberculose, conhecida como BCG e em falta em Portugal há cerca de um ano, começou a ser distribuída nesta sexta-feira pelas várias Administrações Regionais de Saúde do país e também nos Açores e Madeira. No entanto, estas doses destinam-se apenas às crianças de grupos considerados de risco, diz uma nota da tutela.

“As vacinas referidas destinam-se a crianças com idade até aos 6 anos (5 anos e 364 dias) pertencentes a grupos de risco”, reforça a Direcção-Geral da Saúde (DGS), que esclarece que nestes grupos estão as crianças “provenientes de países com elevada incidência de tuberculose” ou que vivem com “portadores de infecção VIH/sida, apresentem dependência de álcool ou de drogas ou tenham proveniência de país com elevada incidência de tuberculose nos últimos dez anos”.

As doses que agora chegaram destinam-se, ainda, a “pertencentes a comunidades com risco elevado de tuberculose” e a “viajantes para países com elevada incidência de tuberculose”. A DGS esclarece, também, que a vacinação das crianças é da responsabilidade dos centros de saúde que vão convocar as pessoas de risco para a vacinação – que pode ser feita ao mesmo tempo de outras vacinas do Programa Nacional de Vacinação (PNV).

Além disso, para acautelar receios sobre as outras crianças que não recebem a vacina, a DGS recorda que “Portugal já faz parte dos países desenvolvidos com baixo risco de infecção por tuberculose e tem um sistema de informação eficaz para monitorizar a doença”.

Em Dezembro, a tutela já tinha informado que, a partir de Janeiro, as crianças com maior risco de desenvolver tuberculose iriam receber a vacina BCG. Portugal começou a comprar as vacinas a um laboratório japonês, depois de mais um atraso no fornecimento pelo laboratório dinamarquês. Na altura, a subdirectora-geral da saúde, Graça Freitas, citada pela Lusa, admitiu que esta forma de vacinar poderá vir a ser definitiva, estando essa possibilidade em análise pelos elementos da Comissão Técnica de Vacinação. “A tendência natural, normal de todos os países e da maior parte da Europa ocidental (…) é que se deixe de vacinar todas as crianças e se passe a vacinar apenas as de risco”, disse.

As dificuldades de fornecimento da BCG começaram em Março de 2015 e estão ligadas a problemas com a produção de um laboratório dinamarquês que fabrica a vacina para a Europa. Em Setembro, numa antecipação da comemoração dos 50 anos do Programa Nacional de Vacinação, o coordenador do grupo da BCG na Comissão Técnica de Vacinação da DGS, José Gonçalo Marques, já tinha explicado ao PÚBLICO que as orientações internacionais da Organização Mundial de Saúde caminham no sentido de suspender a vacinação universal.

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