Governo actualiza informação: incêndio de Pedrógão fez 61 mortos

Falta de electricidade e de comunicações preocupa população, que vê o vento forte a dificultar o combate às chamas.

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Uma fonte dos bombeiros disse à Lusa que há vários civis feridos Paulo Cunha/Lusa
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"É a maior tragédia de vidas humanas" relacionada com incêndios florestais de que há memória em Portugal, admitiu o primeiro-ministro, António Costa. O incêndio de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, fez 61 vítimas mortais, segundo uma actualização feita ao início da tarde deste domingo pelo secretário de Estado, Jorge Gomes. 

A dimensão da tragédia começou a ficar evidente no sábado à noite, quando perto da meia-noite Jorge Gomes adiantava que havia 19 vítimas mortais: 16 encontravam-se dentro de viaturas que foram apanhadas pelas chamas, entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra. Outras três estavam junto a um cemitério, e segundo o mesmo responsável, terão morrido por inalação de fumo.

O balanço foi piorando ao longo da madrugada. Por volta das 2h20 deste domingo, o próprio primeiro-ministro, António Costa, anunciou a partir da sede da Protecção Civil, em Oeiras, que havia mais cinco mortos confirmados, elevando para 24 o número de pessoas que perderam a vida. Madrugada dentro, o número voltou a subir: por volta das 4h foi divulgada nova contagem, com 25 vítimas mortais.

Ao minuto: o que se passou para morrerem tantas pessoas num só incêndio?

Já na manhã deste domingo, o número de mortos foi actualizado mais três vezes: primeiro para 39, depois para 43 e, de seguida, para 57 e 58. Ao início da tarde, o Governo voltou a actualizar o número de vítimas mortais, que aumentou para 61 (embora tenha avançado primeiro com um número mais alto: 62).

Sabe-se que 18 das vítimas mortais foram encontradas em carros e quatro estavam numa outra área junto ao Itinerário Complementar (IC) 8. Outras três morreram por inalação de fumos, indicou o governante, em declarações aos jornalistas junto ao posto de comando, em Pedrógão Grande, cerca das 7h30.

Jorge Gomes disse ainda haver 59 feridos, 18 dos quais foram para hospitais de Lisboa (Santa Maria), Coimbra (Hospitais Universitários) e Porto (Prelada). Há cinco feridos graves, quatro dos quais bombeiros e uma criança.

"Foi criado um posto do INEM no centro de saúde para poder socorrer quem for preciso. Temos quatro frentes activas, três das quais com uma violência muito grande" e "há localidades afectadas que ainda não conseguimos determinar porque não se consegue entrar nem na floresta nem nos caminhos para as aldeias", declarou Jorge Gomes durante a madrugada.

Poucas horas antes, o presidente da câmara municipal de Pédrogão Grande, Valdemar Alves, dizia que havia aldeias "em muito perigo, completamente cercadas" e queixava-se da falta de bombeiros no combate às chamas.

O incêndio de Pedrógão passou para o concelho de Figueiró dos Vinhos, também no distrito de Leiria, e diversos carros de bombeiros foram destruídos pelo fogo. Alguns populares foram mesmo obrigados a abandonar as casas em zonas mais remotas.

O autarca defende que o número de bombeiros a combater as chamas é "insuficiente". "É impossível acudirmos a todas as aldeias. Estamos a todo o custo a ver se nos chegam bombeiros de Lisboa", realçou o presidente da Câmara, visivelmente abalado, descrevendo a situação como "bastante dramática".

"Não tenho ideia de ter uma situação como esta em Pedrógão Grande. O fogo esteve às portas da vila, a 50 metros", disse, frisando que na localidade temeu-se o pior.

“Estou muito assustada e não me recordo de algum incêndio semelhante nos últimos 10 anos”, disse à Lusa uma moradora de Atalaia Fundeira. Às 19h30 de sábado, em Pedrógão Grande, era praticamente de noite, tal o fumo que pairava pelo ar.

“Temos muito medo que o fogo venha por aí abaixo e nos atinja”, dizia também Palmira Coelho, outra moradora, antes de se refugiar em casa para proteger os seus bens.

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