Temperaturas extremas matam 1500 pessoas por ano

Direcção-Geral da Saúde alerta para descida abrupta das temperaturas e apela a cuidados especiais com os idosos e doentes crónicos, para que o frio não "precipite o fim da vida".

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É sobretudo acima dos 75 anos que as consequências do frio podem ser mais drásticas Adriano Miranda

As temperaturas extremas, onde se inclui tanto o frio como as ondas de calor, matam em média 1500 pessoas por ano em Portugal. Para este Inverno ainda não há cálculos, mas o director-geral da Saúde, Francisco George, garantiu nesta segunda-feira que a actividade gripal já atingiu o seu pico e que não são de esperar valores de mortalidade superiores aos de outros anos. No entanto, perante a grande descida das temperaturas prevista para os próximos dias, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu marcar uma conferência de imprensa para recomendar cuidados especiais com os mais velhos e os doentes crónicos.

Segundo os dados avançados na conferência por Francisco George, neste Inverno cerca de 100 pessoas já foram internadas nos cuidados intensivos devido a complicações relacionadas com a gripe sazonal. Onze delas morreram. Na grande maioria dos casos, sublinha o director-geral da Saúde, as pessoas não tinham sido vacinadas contra a gripe, com George a recordar que a vacina não impede a doença, mas reduz muito os efeitos secundários que o vírus consegue causar.

A subdirectora-geral da saúde, Graça Freitas, também presente na conferência, renovou o apelo à vacinação, garantindo que mesmo em pleno mês de Janeiro a vacina ainda é eficaz. O Serviço Nacional de Saúde comprou 1,2 milhões de vacinas contra a gripe e sobram neste momento cerca de 20 mil doses. Houve ainda quase 800 mil doses que foram colocadas à disposição nas farmácias.

Francisco George reiterou que “não quer causar alarme” com as suas declarações e que está tudo controlado, esperando-se que o país já tenha atingido o pico da gripe e que, ao longo das próximas semanas, vá reduzindo progressivamente o número de novos doentes com gripe. Os últimos dados do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, publicado na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), mostravam precisamente que a actividade gripal era moderada, com tendência estável.

Muito frio precipita "o fim da vida"

Ainda assim, como as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocam todos os distritos de Portugal sob aviso amarelo, devido ao tempo frio até ao final da semana, com uma descida das temperaturas mínimas na ordem dos quatro a nove graus Celsius, o responsável da DGS insistiu na importância de se apostar na prevenção, sobretudo das infecções respiratórias. “Não estamos perante um cenário especialmente alarmante. A nossa resposta é uma resposta às condições meteorológicas e temos de prevenir”, repetiu George.

O responsável lembrou que as grandes descidas da temperatura “precipitam o fim da vida”, sobretudo nas pessoas com mais de 75 anos, com especial incidência acima dos 85 anos. Os doentes crónicos, como os casos oncológicos, pessoas com diabetes e insuficiência cardíaca, foram alguns dos exemplos referidos pelos especialistas da DGS.

Para essas pessoas, o director-geral da Saúde enumerou oito recomendações, que vão desde a necessidade de hidratação, nomeadamente comendo sopas quentes, até ao contacto com a Linha Saúde 24 sempre que surja uma dúvida sobre a situação de saúde. Aquecer as casas, mas prevenindo acidentes, e evitar o consumo excessivo de café e de bebidas alcoólicas foram outras das recomendações deixadas.

Também sobre a gripe, à margem da assinatura de um protocolo entre o IPO e a Câmara de Lisboa, o ministro da Saúde defendeu que os profissionais de saúde têm sido “uns heróis” na resposta à epidemia e sublinhou que a mesma, em outros países com menos constrangimentos financeiros, não é tão boa. O ministro reconheceu, no entanto, que o SNS está “no limite da sua capacidade”, mas “a reagir”.

Entretanto, as autarquias de Lisboa e Porto estão a tomar medidas: o Pavilhão do Casal Vistoso irá acolher o Dispositivo Integrado de Apoio aos Sem-Abrigo de Lisboa. Ali serão servidas refeições quentes e distribuídos agasalhos.

No Porto, de 17 a 22, vai estar aberto o antigo Hospital Joaquim Urbano e a estação de metro do Bolhão.

Dezenas de mortes na Europa

Da Albânia à Grécia, passando pelo Reino Unido e por França. Nas últimas semanas, o frio e as tempestades fizeram dezenas de mortos na Europa. As últimas estimativas identificavam mais de 60 óbitos. Só na Polónia, um dos países mais afectados, morreram seis pessoas há uma semana, num dia em que as temperaturas desceram até aos 20 graus Celcius negativos. Também na Roménia os termómetros chegaram a marcar 32 graus negativos e foram contabilizadas seis mortes por hipotermia.

Na Grécia, onde há uma especial preocupação com a situação dos refugiados, foi mesmo enviado um navio para a ilha de Lesbos para apoiar estes migrantes que vivem em tendas e com capacidade para ajudar cerca de 500 pessoas. São também vários os jornais locais a dar conta de longas horas de espera nos serviços de urgência de países como Espanha, França ou Reino Unido.

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