“Temos feito avanços.” Portugal melhora posição em estudo sobre consumo do tabaco

Liga Portuguesa Contra o Cancro diz que há "uma ‘guerra’ entre a legislação e a fuga que as tabaqueiras tentam com as novas formas de fumo".

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Vítor Veloso lembrou que “o tabaco é responsável por 90% dos cancros de pulmão e é responsável também por 20% a 30% de todos os cancros nas diferentes localizações”. Bruno Lista

O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) afirmou nesta sexta-feira em declarações à Lusa que Portugal aparece pela primeira vez “a verde” no gráfico dos países da União Europeia onde mais se fuma. “Finalmente, Portugal, embora na tangente, é representado já a verde, o que quer dizer que conseguimos fazer um trabalho aceitável, que modificou a posição do nosso país”, disse Vítor Veloso.

O presidente da Liga falava a propósito da 7.ª Conference of Tobacco or Health, que começa quarta-feira, no Porto, e onde serão apresentados os dados relativamente a esta problemática.

Seguindo explicou à Lusa, “há dois anos, quando o mesmo gráfico foi apresentado na 6.ª conferência, o nosso país estava representado a vermelho, porque ainda não tinha atingido os mínimos”.

“Agora, embora de forma tangencial, passamos para o verde, o que efectivamente significa que temos feito avanços em relação ao tabaco, tendo diminuído o consumo, o que se fez não só através da legislação que é cada vez mais apertada, mas também pelas campanhas que têm sido feitas”, sublinhou.

Contudo, o presidente da LPCC salientou que há ainda um “longo caminho a percorrer” em relação à resolução dos problemas ligados ao tabagismo. No encontro, irá discutir-se “como é que a União Europeia pode lutar em relação aos ‘inimigos’ que são, sem dúvida alguma, as tabaqueiras, que têm um poder político e económico superior ao dos países”, referiu.

“É uma ‘guerra’ entre a legislação e a fuga que as tabaqueiras tentam com as novas formas de fumo, para camufladamente fugir a essas leis e a essas exigências. Exemplo disso são os cigarros electrónicos”, sustentou.

Defendeu, por isso, “a necessidade de alterar a legislação que actualmente só consagra determinados tipos de fumo”.

A contrafacção, o contrabando de tabaco e os medicamentos de cessação tabágica, que são eficazes e vão ser contemplados pelo Serviço Nacional de Saúde com “uma redução drástica de preços”, são outros temas em análise no congresso.

Vítor Veloso lembrou que “o tabaco é responsável por 90% dos cancros de pulmão e é responsável também por 20% a 30% de todos os cancros nas diferentes localizações”.

Um novo estudo da Organização Mundial de Saúde alerta para o impacto “sem paralelo” do tabagismo na saúde pública e os investigadores avisam que as doenças associadas ao tabaco são responsáveis por quase 6% dos gastos mundiais em saúde, num total de 400 mil milhões de euros.

O objectivo desta conferência é mobilizar os cidadãos, tornando-os mais conscientes e capazes de melhorar a sua saúde, promovendo e apoiando políticas de controlo do tabagismo na Europa e no Mundo.

“Como o impacto do tabaco na Europa e no mundo ainda é devastador, é de extrema importância que o controle do tabagismo seja actualmente uma prioridade de agenda”, considerou o presidente da LPCC.

Com este congresso pretende-se “a partilha e desenvolvimento de conhecimentos, bem como a tomada de decisões que permita uma Europa e um mundo sem tabaco”, acrescentou.

A sessão de abertura do encontro, agendada para a próxima quinta-feira, pelas 12h, conta com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, da rainha de Espanha Leticia Ortiz, do Comissário Europeu da Saúde e dos ministros da saúde de Portugal e Espanha.

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