Tiraram-nos uma hora? Não podem. O tempo é o tempo e o sol nasce e pôe-se nos mesmos instantes que são diferentes de dia para dia e, só por alguns instantes inteiramente previsíveis, ano após ano. A maneira como contamos as horas e as maneiras como as chamamos nada influenciam  o comportamento do nosso planeta e da estrela que manda em nós. Esta é a parte que é difícil de aceitar, apesar de Copérnico ter morrido há bastante tempo.

Ainda mais ridícula é a ideia que nos tiraram uma hora que nos vão devolver daqui a seis meses, quando precisarmos dela. Ou que nos deram uma hora há seis meses, quando precisávamos dela e que agora chegou, precisamente, a hora em que é preciso pagá-la.

"Summertime/And the living is easy/The fish are jumping/And the cotton is high/Your daddy's rich/And your momma's good-looking/Hush, little baby/And don't you cry..."

A letra é de Ira Gershwin e a música é de George Gershwin. A melhor versão deste milénio e de 2016 até agora é, de longe, a de Willie Nelson no  álbum Willie Nelson Sings Gershwin. Seria ideal ouvir Summertime como deve ser num bom sistema de hi-fi, mas a versão no YouTube é suficiente para perceber a grandeza e originalidade de Willie Nelson que, pelos vistos, tem de ler a partitura.

O piano de Matt Rollings é magnífico. George Gershwin que morreu em 1937 com 38 anos teria gostado. Willie Nelson está vivo e fará 83 anos no dia 29 de Abril.

O tempo, entretanto - ao contrário da hora - não mudou.