Sócrates nega ter dado instruções para vetar OPA da Sonae à PT

Ex-primeiro-ministro diz que não interferiu no negócio que acabou por não se concretizar.

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Sócrates responde e ataca Paulo Azevedo, presidente da Sonae (proprietária do PÚBLICO), acusando-o de "maldosa insinuação". Miguel Manso

José Sócrates nega este sábado, num artigo de opinião no Diário de Notícias, ter dado qualquer instrução à Caixa Geral de Depósitos para vetar a OPA da Sonae à Portugal Telecom, lançada em 2006 e que acabaria por terminar sem sucesso. O ex-primeiro-ministro responde e ataca Paulo Azevedo, presidente da Sonae (proprietária do PÚBLICO), dizendo que foi uma "maldosa insinuação" a afirmação feita pelo empresário quando referiu esta semana, falando do negócio, que "estavam todos feitos".

"Não sei a quem é que o Dr. Paulo Azevedo se queria referir mas, no que me respeita, esta declaração constituiu uma grave e maldosa insinuação que desejo indignadamente repudiar", começa por escrever Sócrates, que em seguida diz que "o Governo da altura assumiu uma posição de estrita imparcialidade nem contra nem a favor da OPA".

"Essa posição [de imparcialidade] foi por várias vezes transmitida ao Dr. Paulo Azevedo, em particular nas reuniões em que a administração da Sonae tentou persuadir o governo a apoiar a OPA", afirma.

Na mesma linha ataca o empresário dizendo que houve um "derradeiro telefonema" do presidente da Sonae a pedir-lhe que "o Governo revisse a sua posição no sentido de dar orientações expressar à Caixa" para apoiar a OPA.

No mesmo artigo, Sócrates diz que esta posição de "imparcialidade" foi estendida à Caixa Geral de Negócios e que por isso o Governo não daria indicações ao banco público sobre o que deveria fazer em relação a este negócio.

Esta é uma visão contrária à revelada desde a altura pelos responsáveis da SONAE. Ainda esta semana, na apresentação dos resultados do grupo, Paulo Azevedo referiu que, apesar das garantias de que havia concorrência, "o jogo estava distorcido".

Referindo-se ao resultado da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Sonae sobre a PT, que terminou sem sucesso, Paulo Azevedo afirmou: "[Independentemente de haver dinheiro ou não,] estavam todos feitos e isso fez-nos a vida difícil, durante muito tempo, de forma muito injusta."

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