Sindicato denuncia ilegalidades no serviço de Otorrinolaringologia de Santa Maria

O Sindicatos dos Médicos da Zona Sul acusa o serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria de favoritismo. Em causa está também discriminação na formação de médicos internos.

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ENRIC VIVES-RUBIO

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) acusou esta terça-feira o serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Hospital de Santa Maria de viver uma situação escandalosa de "mecanismos clientelares" e de "compadrio político".

A entidade explica, em comunicado, que foi nomeado um director do serviço de ORL com menos formação técnica do que outros oito médicos do mesmo serviço, apresentando várias situações que considera ilegais e exemplos de como "os mecanismos clientelares" e o "comissariado político" se sobrepõem "ao respeito pela diferenciação técnico-científica da profissão médica" e à progressão na carreira médica.

O sindicato denunciou ainda que o novo director estava há cerca de um ano fora do Hospital de Santa Maria, em regime de licença sem vencimento e foi "repentinamente integrado no serviço na véspera de ser nomeado".

No comunicado é também explicado que enquanto o médico esteve fora do serviço, foi contratado para as equipas de urgência do ORL e para fazer no Hospital uma consulta semanal. O mesmo comunicado esclarece que o médico fez em Santa Maria um curso para uma empresa privada, fabricante de equipamento médico para o estudo da vertigem, que mais tarde o vendeu ao Hospital de Santa Maria. 

De acordo com o sindicato, apesar de existir no ORL um médico de topo de carreira, "o único professor catedrático" da especialidade médica no país, a administração do Hospital de Santa Maria nomeou o actual director numa "pura atitude de prepotência e de ilegalidade".

O sindicato denuncia também que o ORL vive situações de doentes que passam à frente de outros nas listas de espera, casos anómalos de escalas para o bloco operatório ou "práticas de discriminação ostensiva na formação dos médicos internos, a que se juntam frequentes ameaças de processos disciplinares pelas circunstâncias mais ridículas".

"Não é possível tolerar que serviços públicos de saúde sejam geridos desta forma impune e como se tratassem de feudos de grupos políticos e de parceiros económicos", afirma-se no comunicado.

Contactado pelo PÚBLICO, um porta-voz do Hospital de Santa Maria disse que a unidade de saúde "não comenta comunicados não assinados."

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