Sindicato afirma que evacuações médicas aéreas nos Açores "não estão garantidas"

Trabalhadores da aviação civil dizem que algumas ilhas não têm sistema de prevenção.

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Manuel Roberto

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) alertou nesta quarta-feira que as evacuações médicas aéreas "não estão garantidas" em todas as ilhas dos Açores porque a SATA Gestão de Aeródromos (SGA) não possui um sistema de prevenção.

A direcção do SINTAC, liderada por Filipe Rocha, explicou, em comunicado enviado às redacções, que para se realizar uma evacuação médica aérea de uma ilha onde não existem todos os serviços e valências médicas necessárias, "é posta em funcionamento uma equipa multidisciplinar".

Esta equipa inclui o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, que coordena a operação, a equipa médica do centro de saúde de origem, que acompanha o doente durante a viagem, a do hospital para onde vai ser transportado o doente, os bombeiros que efectuam o transporte terrestre, a tripulação da aeronave que efectua o transporte aéreo e os trabalhadores dos aeroportos de origem e destino que possibilitam a operação da aeronave.

"Estas pessoas todas têm que estar prontas a qualquer hora do dia ou da noite para que a evacuação seja realizada com segurança e de forma expedita, pois, disso depende, muitas vezes, a vida de alguém. Todas estas entidades têm períodos de prevenção em que existem trabalhadores prontos a executar a sua função. Todas, excepto a SATA Gestão de Aeródromos", refere a estrutura sindical.

O sindicato explicou que desde que a SGA foi criada, em 2005, que as evacuações médicas são garantidas "apenas pela boa vontade dos seus trabalhadores em atender o seu telemóvel pessoal e de se deslocarem ao aeroporto a qualquer hora e em qualquer dia".

"Não há qualquer regime de prevenção instituído, nem qualquer escala de prevenção que obrigue os trabalhadores a manterem-se contactáveis fora das horas de serviço para possibilitar as evacuações médicas", declarou a direcção do SINTAP.

De acordo com a estrutura sindical, pode acontecer que, "no limite, nenhum dos trabalhadores da SGA esteja contactável e em condições de garantir a abertura do aeródromo, provocando a impossibilidade da operação da aeronave por não estarem reunidas as condições de segurança, colocando-se a vida do doente em risco".

"O regime de prevenção não está implementado por falta de vontade da SATA. Os trabalhadores analisaram uma proposta apresentada pela empresa, discutiram-na e contrapropuseram com uma que, mesmo ficando muito aquém das reivindicações dos trabalhadores, garante a operacionalidade dos aeródromos em qualquer circunstância", afirma-se no comunicado.

A direcção sindical considerou que esta situação "já se arrasta há demasiado tempo", acrescentando que "já foram tomadas acções para que esta seja resolvida mas, até agora, não há resposta da SATA".

O porta-voz do da transportadora aérea açoriana, António Portugal, afirmou à agência Lusa que o "assunto está a ser devidamente equacionado" e que a SATA Aeródromos tomará uma posição "tão depressa quanto possível" sobre esta matéria e consequentes reivindicações do sindicato.

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