“São ainda necessários mais dois ou três anos de recuperação”

João Redondo, presidente da Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado, diz que há "instituições que apenas oferecem um curso ou dois dentro de uma determinada área científica, pelo que a sua possibilidade de crescimento é mais reduzida".

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"As instituições estão hoje mais maduras, em resultado do processo de acreditação dos cursos", diz João Redondo Miguel Madeira

Pela primeira vez nos últimos 20 anos, a procura no ensino superior privado cresce em dois anos consecutivos. A que se devem estes números?
Há uma franca recuperação em relação a perdas que vinham acontecendo durante uma série de anos seguidos. Neste momento, as instituições estão a operar com toda a regularidade e com uma perspectiva de estabilização futura, mas tendo consciência de que são ainda necessários mais dois ou três anos de recuperação.

As instituições estão hoje mais maduras, em resultado do processo de acreditação dos cursos, que foi muito duro. Houve também um desenvolvimento de estratégias de divulgação e há hoje uma participação mais activa na vida dos portugueses. A comunidade começa a perceber que tem no ensino superior privado instituições com muita consistência, onde é interessante estudar, não só pela qualidade da sua formação, mas pela ligação que têm também com o mundo do trabalho.

Desde 2008, saíram do sector particular e cooperativo cerca de 3000 professores. Este ajustamento está completo?
Na globalidade não sei se estará, mas o maior esforço já foi feito ao longo dos últimos sete ou oito anos. A demografia dita regras e não aponta para um crescimento, pelo contrário. No entanto, as instituições estão mais preparadas para responder aos problemas que a demografia lhes pode trazer. Nunca falaremos num crescimento que leve as instituições para os níveis de inscritos que tinham antes do ano 2000, mas é possível agora voltar a crescer nalgumas áreas. Esse crescimento não pode, porém, passar pelo nosso ordenamento habitual, mas por outras estratégias, como o estabelecimento de parcerias ou uma maior aposta na internacionalização das instituições de ensino superior privadas.

No ano passado, as principais instituições do sector privado tiveram um crescimento da procura na ordem dos 10%, mas a média do sector ficou-se pelos 2%, porque há instituições mais pequenas que crescem bastante menos ou que até continuam em quebra. Este é um sistema a duas velocidades?
Há uma grande diferenciação no conjunto das instituições do ensino superior privado, muito maior do que nas instituições do público. Temos instituições que crescem menos, mas isso deve-se à sua localização, ao tipo de oferta ou ao número de cursos que cada uma oferece. Por exemplo, temos instituições que apenas oferecem um curso ou dois dentro de uma determinada área científica, pelo que a sua possibilidade de crescimento é mais reduzida.

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