Retirada de pessoas em Gavião após reacendimento de fogo

Dois reacendimentos estão a preocupar as autoridades em Santarém e em Portalegre.

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Como o material vegetal está muito seco, o reacendimento é muito rápido Mario Lopes Pereira

A reactivação de dois incêndios, um em Santarém e outro em Portalegre, voltam a preocupar autoridades. O fogo que lavrava desde quinta-feira em Belver, no concelho de Gavião (Portalegre), e que entrou em fase de resolução nesta sexta-feira de manhã, reactivou-se e obrigou à retirada de cerca de 150 pessoas de duas aldeias. Em Mação (Santarém), o incêndio está a circundar Ortiga.

O presidente da Câmara de Gavião, José Pio, explicou que os moradores de Torre Cimeira e Torre Fundeira "foram retirados" das aldeias e encaminhados para as instalações do lar de idosos de Belver e para a Santa Casa da Misericórdia de Gavião. "O reacendimento ocorreu sensivelmente pelas 15h45. Com a força que o incêndio traz e com direccionamento que o vento tem a vila de Belver também não está completamente segura", disse à Lusa.

Contactada pela Lusa, a presidente da Junta de Freguesia de Belver, Martina de Jesus, relatou que as aldeias de Torres Fundeira e Torre Cimeira "ficaram cercadas" pelas chamas. "O fogo já anda dentro das aldeias e levantou-se um vento fortíssimo. Pedimos ajuda para evacuar estas aldeias, mas não se vê aqui nada tal é o fumo que anda aqui dentro, isto é dramático", disse.

António Severino, vice-presidente do município, disse, por sua vez à Lusa, que "a força do vento é tal que começámos a evacuar a praia fluvial do Alamal, que fica do outro lado do rio Tejo, com receio das projecções". Nesta altura [cerca das 16h00] a praia fluvial do Alamal, ainda na freguesia de Belver, "está cheia de gente e a própria pousada que ali está situada tem a lotação esgotada", relatando que "estamos a mandar as pessoas sair imediatamente dali e dirigirem-se para o centro da vila de Gavião".

Segundo a página na Internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o combate às chamas mobilizava, às 16h25, um total de 227 operacionais, apoiados por 77 viaturas.

Situação crítica em Mação

Já em Mação, a ANPC chegou a dizer que a situação estava mais calma, mas durante a tarde de sexta-feira surgiram duas frentes "preocupantes" junto às populações de Vale de Abelha e Ortiga. "O incêndio está, neste momento, a circundar Ortiga", disse à Lusa o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, referindo que outra frente passou por Rosmaninhal e cria agora uma "situação crítica" na população de Vale de Abelha. Para já, assegurou, ainda "não foi preciso retirar pessoas".

Segundo o vice-presidente do município, António Louro, seria apenas "uma questão de aguentar mais algumas horas" para o incêndio ser dado como dominado. Ao início da tarde, depois de uma situação de aparente acalmia, começou a surgir no horizonte uma grande coluna de fumo, junto a Ortiga.

"O que acontece é que os combustíveis estão secos e a extensão de área ardida é tão grande que é impossível de controlar toda a área rescaldada. Se começa a arder, reacende-se e reacende-se imediatamente com enorme intensidade", notou.

De uma situação em que não havia quase fogo nenhum, "passa-se para a desordem total", sublinhou. Já na quinta-feira a aldeia de Ortiga tinha sido ameaçada pelas chamas e hoje de manhã habitantes da localidade referiam à Lusa que não conseguiam descansar porque ainda havia zonas verdes com o risco de arderem. As suas preocupações acabaram por se confirmar.

O incêndio de Mação, no distrito de Santarém, mobilizava, às 16h45, 709 operacionais, 217 veículos e nove aviões, de acordo com a página da ANPC.

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