Reitora da Católica acredita que curso privado de Medicina será aprovado

Protocolo com o grupo Luz Saúde, a Universidade de Maastricht e a Câmara de Cascais foi assinado esta sexta-feira. Universidade ainda vai pedir a aprovação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

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A reitora disse que a Católica vai começar a preparar o projecto Rui Gaudêncio

A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Isabel Capeloa Gil, mostrou-se esta sexta-feira segura de que o projecto para a criação da primeira faculdade privada de Medicina em Portugal, a instalar em Cascais, será aprovada pela autoridade competente.

Isabel Capeloa Gil sublinhou que o protocolo assinado esta sexta-feira (e não quinta-feira como por erro o PÚBLICO noticiou), com o grupo Luz Saúde, a Universidade de Maastricht e a Câmara de Cascais, traduz-se no "compromisso" de, em conjunto, trabalharem para a criação do curso privado de Medicina da Universidade Católica.

A reitora explicou aos jornalistas que não há prazos para entregar o projecto à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) e prometeu ser cuidadosa na sua apresentação.

"A homologação dos cursos, depois de entregue o processo à A3ES, em geral, demora um ano. Nós não temos prazo para entregar o processo", disse. "Não nos podemos precipitar em termos de prazos. Aquilo que vamos começar a fazer agora é preparar o projecto académico e o projecto científico e acompanhar o processo infraestrutural. Quando estivermos seguros de que tudo está pronto, vamos avançar", afirmou.

Riscos para universidade privada são maiores

Ainda assim, a responsável disse estar certa de que o projecto será aprovado. "Temos a segurança de que vamos ter um projecto ganhador e por isso é que estamos aqui. São 30 anos de preparação de um projecto com a certeza de que é inovador e ganhador. Os riscos para uma universidade que não tem apoio estatal são diferentes de uma universidade pública, portanto tivemos que ponderar muito bem", sustentou.

Sem adiantar números relativamente aos cursos leccionados, vagas ou datas, Isabel Capeloa Gil esclareceu que as mensalidades serão cobradas consoante o "valor real do aluno", ou seja, o custo que a Universidade terá na formação em medicina do aluno.

Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, concordou que o projecto tem "um valor acrescentado para a dinâmica da valorização da formação de quadros em Portugal e da prestação de cuidados de saúde".

No entanto, o governante não quis assumir nenhum compromisso com o projecto, por estar "perante aquilo que ainda não existe de facto".

"Há aqui uma promessa, uma vontade, mas do ponto de vista da realidade ainda não sabemos o que vai acontecer porque depende de uma série de tramitação que está agora a ser desenvolvida pelos responsáveis do projeto", justificou.

Cauteloso, Manuel Delgado mostrou-se ainda "preocupado" com a formação excessiva de médicos em Portugal.

Excesso de médicos

"Estamos com certeza preocupados com o excesso de médicos e faremos os possíveis para não criar condições para que haja formação excessiva, mas também não temos grande vontade ou tendência para diminuir a entrada de mais médicos na formação", disse.

Sobre o projecto a ser apresentado pela Universidade Católica e parceiros, o secretário de Estado afirmou que o Ministério da Saúde não tem conhecimento das suas condições e características.

"É bom ter em conta que é a entidade independente de avaliação de novos cursos superiores que vai aprovar ou não este projecto. É independente do Ministério da Ciência e Ensino Superior e ainda mais do Ministério da Saúde", acrescentou.

Manuel Delgado está convencido de que o processo será demorado, mas que a aprovação da A3ES será "com certeza, muito cuidadosa".

A directora executiva do grupo Luz Saúde, Isabel Vaz, informou que o hospital vai sempre avançar, independentemente da acreditação da A3ES para o curso.

No entanto, a responsável sublinhou que o modelo está a ser construído com base em todos os requisitos necessários para funcionar como hospital universitário.

"Este projecto tem uma grande componente de investigação, vai ter um grande centro de investigação incorporado no hospital com um grande centro de simulação, que é hoje fundamental para a educação médica moderna e que traduz o nosso comprometimento com um projecto inovador, internacional, que visa trazer para Portugal alunos de toda a Europa e continuar a projectar a formação médica portuguesa na Europa", contou.

Investimento de 150 milhões de euros

Isabel Vaz adiantou que o grupo Luz Saúde investiu 150 milhões de euros em novos investimentos nas unidades da Grande Lisboa, sendo que 35 milhões foram destinados à unidade de Cascais.

A responsável espera que a nova unidade, que será instalada no antigo hospital da vila, esteja a funcionar em meados de 2019. Também o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, disse que "já ficaria satisfeito" se tudo estivesse pronto para arrancar até 2020 e que o impacto do projecto "é tão grande", na área do conhecimento e talento, que nem os próprios têm "noção exacta da sua plenitude".

Segundo o autarca, o antigo edifício do Hospital de Cascais foi vendido ao grupo Luz Saúde por 5,4 milhões de euros, "com uma margem substancial para as obras que serão depois necessárias fazer no edifício dos antigos SMAS (Águas de Cascais)", onde se prevê instalar o curso de Medicina da Universidade Católica.

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