Racismo em Português vence Prémio AMI - Jornalismo Contra a Indiferença

A série de reportagens do PÚBLICO, realizada entre 2015 e 2016, explora um lado esquecido do legado do colonialismo português.

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Foto retirada da série multimédia Racismo em Português Dário Pequeno Paraíso

A série de reportagens Racismo em Português, do jornal PÚBLICO, foi uma dos vencedoras da 19ª edição do prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença. O trabalho — dirigido pela jornalista Joana Gorjão Henriques, com reportagem vídeo de Frederico Batista e ilustração de Sibila Lind — explora o impacto do colonalismo português aos olhos de habitantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique, por volta do 40.º aniversário da descolonização, expondo um lado esquecido da história colonial e desconstruindo mitos.

“Os portugueses foram mais brandos e menos racistas? Racismo em português: como foi, como é?”, perguntou-se no arranque das reportagens. Numa jornada de cinco trabalhos em cinco países, a resposta ganhou 100 rostos — os 100 entrevistados — que abordam um confronto entre o presente e o passado, entre o que recordam os portugueses e o que entretanto ficou esquecido.

Os depoimentos recolhidos foram também publicados no livro, Racismo em Português — o lado esquecido do colonialismo, com edição da Tinta-da-China, do PÚBLICO e da Fundação Manuel dos Santos — parceiro do projecto. Todo o trabalho está disponível num site com design de Miguel Cabral. Neste conjunto de reportagens participaram também Ricardo Rezende (recolha de imagens em Angola) e, na fotografia, Diogo Bento (Cabo Verde), Sérgio Afonso (Angola), Adriano Miranda (Guiné-Bissau), Dário Pequeno Paraíso (São Tomé e Príncipe) e Manuel Roberto (Moçambique).

Sofia Arede e Sofia da Palma Rodrigues (vencedores da edição anterior), Filipe Vasconcellos (voluntário da AMI), Ana Rosado (Amigo da AMI) e Fernando Nobre (presidente da AMI) constituíram o painel de jurados convidados a deliberar os vencedores desta edição.

O trabalho do PÚBLICO partilha o prémio com a peça Renegados, da SIC, de Sofia Pinto Coelho e Filipe Ferreira, com edição de Rui Berton, áudio de Octaviano Rodrigues e produção de Diana Matias. O grafismo é de Isabel Cruz, a ilustração de Ana Grave e José Dias assina como colorista. A peça retrata o drama vivido pelas pessoas que nasceram, cresceram, estudaram e trabalharam em Portugal, mas a quem foi retirada a nacionalidade portuguesa, na sequência das alterações efectuadas à Lei da Nacionalidade.

Os jornalistas premiados receberam 7.500 euros cada e uma escultura da autoria de João Cutileiro, artista português.

O júri decidiu ainda distinguir outros três trabalhos com menções honrosas: Grande Reportagem – Angola, da SIC, Eu é que sou o Presidente da Junta, também da SIC, e Lágrima que deito, da RTP. Cada um dos três foi também premiado com a escultura de João Cutileiro.

A entrega dos prémios, co-financiados pelo Novo Banco, foi presidida esta segunda-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Texto editado por Pedro Guerreiro

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