Queda de árvore no Funchal: "População" decidirá que efeitos o caso terá nas "eleições"

Com uma imagem pública marcada pela proximidade durante os incêndios do ano passado, o autarca do Funchal pode ser penalizado agora pela tragédia do Monte.

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Nuno Ferreira Santos

Fez um ano na semana passada que um grande incêndio atingiu o Funchal, provocando três mortos, mais de mil desalojados e um rasto de destruição contabilizado em 157 milhões de euros.

Politicamente, o que ficou foi a imagem televisiva de um presidente da câmara, Paulo Cafôfo, de máscara anti-fumo, colete da protecção civil em t-shirt manchada pelas cinzas.

Ficou também a frase - "está tudo controlado" - de Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, repetida até à exaustão na imprensa e redes sociais.

A realidade não foi bem assim. A frase de Albuquerque não foi aquela e Cafôfo, acusam, não poderia estar em tantos directos televisivos, em diferentes pontos da cidade, se não os procurasse.

Mas foi isso que ficou. A popularidade de Cafôfo cresceu e Albuquerque saiu chamuscado.

Um ano depois, e com as eleições autárquicas no horizonte, é Cafôfo quem fica mal na fotografia, mesmo quando os principais partidos que o apoiam na corrida à reeleição, PS e BE, rejeitam leituras políticas.

"O importante nesta altura é chorar os mortos e ajudar os que sofrem", defende o líder regional do Bloco, Roberto Almada. "Se foi está vereação, a anterior ou outra entidade, quem irá determinar são as autoridades", sintetizou, dizendo que só a "população" poderá dizer em Outubro, se este caso irá ou não influenciar as eleições.

Também o presidente do PS-Madeira, Carlos Pereira, recusa, pelo menos para já, politizar o caso. "A Madeira está de luto. Nós estamos de luto. Vou respeitar as famílias que sofrem", disse.

Mas o luto regional de três dias, que suspendeu a campanha, não apaga a imagem deixada pela câmara nas horas seguintes à tragédia.

O autarca do Funchal reagiu tarde. Só falou no final do dia, para lamentar as vítimas e rejeitar responsabilidades sobre a queda da árvore.

Cafôfo disse que a árvore não estava sinalizada e que estava em terreno privado, uma versão entretanto desmentida pela imprensa local. O Parque Leite Monteiro pertence à autarquia, que era responsável pela manutenção, e existe um ofício enviado em Setembro de 2016 pela junta de freguesia local, do PSD, a pedir uma intervenção naquele espaço.

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