Provedor do estudante no ensino superior tem papel muito passivo

Investigadores debatem praxes.

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Diogo Baptista

Os provedores do estudante que existem nas instituições de ensino superior têm um papel "muito passivo", defenderam hoje no parlamento os coordenadores do estudo "A Praxe como Fenómeno Social".

Na grande maioria, as instituições "não adoptam uma atitude de prevenção" em relação à praxe, "quase todas reúnem com as estruturas da praxe" e metade "não tem gabinetes de apoio psicológico" a vítimas da praxe ou de acompanhamento da vida académica, disse perante a Comissão de Educação o investigador João Teixeira Lopes, que coordenou o trabalho juntamente com João Sebastião.

"Estes gabinetes são absolutamente fundamentais", insistiu João Teixeira Lopes.

Os investigadores foram ouvidos, por requerimento do Bloco de Esquerda, na sequência da divulgação, em Março, do estudo encomendado pela Direcção geral do Ensino Superior (DGES).

"As recomendações que fazemos pretendem envolver todas as entidades", afirmou João Teixeira Lopes, especificando que o trabalho deve começar nos ciclos de ensino anteriores.

Os investigadores defenderam formas de integração alternativas, que não passem pela humilhação, pela falsa hierarquia, pelo mando e pela humilhação dos alunos mais jovens.

"As alternativas que existem são iniciativas desgarradas", frisou João Teixeira Lopes, acrescentando que no interior do país, a praxe acaba por ser "o que mais preenche a agenda cultural" da cidade, sendo aí que se encontram as situações de maior risco.

A possibilidade destes jovens optarem por projectos alternativos "não existe", sustentou.

"Depois de divulgarmos o estudo passámos a receber variadíssimos e-mail de jovens vítimas da praxe", afirmou o investigador João Sebastião, vincando que a humilhação é crime.

A praxe, defendeu, é "um espaço de inimputabilidade onde não há lei".

O Bloco de Esquerda considerou insuficientes as medidas apresentadas pelo ministro da tutela, Manuel Heitor, no âmbito da iniciativa "Dar a volta à praxe", na qual o PS manifestou confiança.

Os restantes partidos tomaram posições favoráveis a um reforço da intervenção e dos poderes do provedor, bem como da prevenção junto dos adolescentes antes de chegarem ao ensino superior.

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