Projecto Pedagógico 10x10 volta ao Mosteiro de São Bento da Vitória

Chama-se 10x10 e é um projecto pedagógico que, através da expressão artística, visa dar novas e melhores ferramentas aos docentes. O ensaio desta sexta-feira contou com uma turma da Escola do Cerco, no Porto.

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Adriano Miranda
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"Somos nós as palavras!” foi o mote utilizado no ensaio da aula pública que decorreu esta sexta-feira, no Mosteiro de São Bento da Vitória. Pouco mais de duas dezenas de alunos, dois professores e uma actriz, Catarina Lacerda, a coordenar os movimentos. Separados em dois grandes grupos, em silêncio, sobre focos amenos, contrastavam com o grande objectivo do projecto: unir e cativar as pessoas. O projecto responsável por este insólito encontro chama-se 10x10 e foi criado há já quatro anos pela Fundação Calouste Gulbenkian. 

Todo o projecto é inovador e é aí que reside o seu sucesso, através da expressão artística, espera-se incutir um novo dinamismo e metodologia à forma como se lecciona nas salas de aula. “O convite do projecto é de certa forma fazermos uma reflexão prática dos processos criativos com os processos de aprendizagem.”, explicou Catarina Lacerda. Dirige-se essencialmente aos professores, pois é a estes que se pretende fornecer mais e melhores ferramentas que possam usar sem a presença do artista na sala de aula. Pretende-se um efeito dominó, e quantas mais pessoas foram abrangidas, melhor.

André Guterres, professor de Ciências Físico-química na Escola do Cerco, é um dos professores envolvidos nesta actividade pedagógica e salienta a pro-actividade do processo. Fala de uma actividade que ajuda a focar e, sobretudo, a “estabelecer pontes” entre os docentes e os alunos. 

Os alunos, mergulhados no entusiasmo do ensaio, iam revelando isso mesmo – cumplicidade e motivação. As pontes estavam estabelecidas e, tanto miúdos como graúdos, diziam estar disponíveis para repetir a iniciativa. 

Daniela Monteiro, aluna do agrupamento do Cerco, recorda o momento mais marcante em que, numa aula de físico-química, materializaram um electrão: "Tivemos que fazer uma configuração de um electrão, toda a construção, com as regras e depois de calcularmos a distancia ao núcleo, fomos posicionados na sala de aula. A matéria tornou-se mais fácil e acessível a todos."

Por seu turno, Gonçalo Rodrigues, do mesmo agrupamento, refere a "emoção" com que a Catarina Lacerda chegou até aos alunos e lhes despertou interesse. "Foi a recepção ao artista o momento mais marcante, quando ela se apresentou e nos deu logo a ideia de como ela era. Despertou em nós um espírito mais emotivo e interessado.", acrescentou.

O processo começou quando a actriz se dirigiu à Escola do Cerco e observou a prática dos professores, a receptividade dos alunos e a relação que entre eles existia. A partir daí conseguiu desenhar um plano de trabalho que respondesse às fragilidades e necessidades daquela turma.   “Foram desenvolvidas várias dinâmicas típicas do teatro, jogos muito comuns, essencialmente para a prática da oralidade. O que são palavras? Como articular uma palavra e um raciocínio? Foi a volta disto, várias ferramentas e aproximações para podermos potenciar o que se pretende: o processo de comunicação nas aulas”, diz a actriz e encenadora.

O projecto nasceu no ano lectivo de 2010/11 e vai agora na sua 4.ª edição. Surgiu na sequência do programa Descobrir, da Fundação Gulbenkian, e conta com o casamento feliz do Teatro Nacional de São João com A Oficina, cooperativa cultural de Guimarães.

A apresentação pública do trabalho desenvolvido por artistas, alunos e professores é de entrada livre e decorre este sábado das 10h às 13h e das 14h30 às 17h30, no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto. No total, serão apresentados quatro projectos de diferentes escolas, sendo que o evento integra ainda debates moderados por Carlos Alberto Gomes (sociólogo de Educação, do Instituto de Educação da Universidade do Minho) e Manuela Melo (Conselho Consultivo Programa Descobrir – Programa Gulbenkian Educação para Cultura e Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian). 

 

(texto editado por Andrea Cunha Freitas)

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