Professores em protesto na terça-feira na primeira de "várias acções" de luta

A Fenprof não descarta a possibilidade de avançar para uma greve. Nesta terça-feira professores vão desfilar entre o Ministério da Educação e São Bento.

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Mário Nogueira diz que professores estão a ficar frustrados com a política seguida pelo Ministério da Educação daniel rocha

A concentração de professores prevista para esta terça-feira em Lisboa pretende ser "a primeira de várias acções" para reivindicar a resolução de problemas dos docentes, disse à Lusa o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, que admite convocar uma greve.

Segundo o dirigente da Fenprof, será realizado no 3.º período do ano lectivo um debate "de forma mais organizada" com os docentes, estando em cima da mesa a possibilidade do "recurso à greve e a uma grande manifestação".

A Fenprof convocou uma concentração para esta terça-feira, às 15h00, junto ao Ministério da Educação, em Lisboa, seguindo depois para São Bento, com uma faixa de 550 metros de comprimento que dá "rosto" às várias reivindicações dos docentes. A faixa conta com mais de mil fotografias de professores a segurarem um papel com uma reivindicação específica, tal como "Gestão democrática para as escolas", "Horários adequados e menos alunos por turma", "Direito à progressão", "Nem reuniões, nem papéis" ou "Contratados não são descartáveis".

A Fenprof, recordou Mário Nogueira, exige ao Governo um compromisso em relação a matérias como a regularização dos horários de trabalho e das aposentações, a garantia do descongelamento das carreiras dos professores em 2018 e a criação de novos momentos de vinculação extraordinária de docentes contratados nos próximos dois anos. A federação sindical pretende ainda combater a municipalização do ensino e garantir uma gestão das escolas mais democrática, frisou.

"Propusemos que nos sentássemos e que o compromisso integrasse e considerasse o faseamento na resolução de alguns problemas, que são complexos e têm custos", sublinhou Mário Nogueira, defendendo que o que não pode acontecer "é não haver resposta e os problemas não terem uma solução à vista" e acrescentando que o ministro da Educação, na reunião de 5 de Abril, tinha dito que as reivindicações dos professores "ultrapassavam a competência exclusiva do ministério" e que a solução "dependerá do Governo na sua globalidade".

Face a essa resposta, a federação sindical decidiu fazer a concentração no Ministério da Educação, mas depois passar também pela residência oficial do primeiro-ministro, a quem já foi pedida uma reunião para o próprio dia. Assim, os professores vão envergar a faixa de 550 metros entre o Ministério da Educação e São Bento, passando também pela Assembleia da República durante o desfile.

De acordo com Mário Nogueira, o primeiro ano do executivo socialista, apoiado pela esquerda parlamentar foi "um ano de sinais importantíssimos", em que o Governo tomou medidas que acabaram com "algumas zonas de conflito". Essas primeiras medidas "eram de limpeza de conflito, mas sem grande custo. Quando começou a ser exigido outro tipo de investimento, as coisas aí começam a parar", notou o dirigente sindical, considerando que a expectativa inicial "está a começar a ficar frustrada" e a "indignação começa a surgir nas pessoas".

A Fenprof espera ter entre 1500 e 2000 professores na concentração e desfile marcados para terça-feira. 

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