Principal suspeito da alegada seita "Verdade Celestial" remete-se ao silêncio

Julgamento teve início nesta terça-feira.

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Aldeia Brejos de Assa, Palmela, onde foi desmantelada uma rede de abusos sexuais e pornografia infantil. Na foto o campo de futebol da aldeia Rui Gaudêncio

O principal arguido no processo por alegado abuso sexual de crianças numa quinta de Brejos do Assa, em Palmela, remeteu-se ao silêncio na primeira sessão do julgamento, que começou nesta terça-feira no Tribunal de Setúbal, informou fonte judicial.

Segundo a mesma fonte, dois dos oito arguidos suspeitos de envolvimento na prática de diversos crimes relacionados com abusos sexuais de crianças, aceitaram prestar declarações ao tribunal.

A primeira sessão do julgamento, que decorre à porta fechada, estava inicialmente marcada para 15 de Novembro, mas foi adiada porque uma das arguidas quis mudar de advogado.

De acordo com a acusação, o líder do grupo e principal arguido no processo, que se fazia passar por psicólogo e que se intitulava como mestre da falsa seita religiosa “Verdade Celestial” (que não passava, afinal, de uma estratégia de manipulação e encobrimento dos abusos sexuais de crianças), responde por dezenas de crimes de violação, lenocínio e pornografia de menores, entre outros.

Segundo a acusação, os arguidos “revelavam um total desrespeito pelas crianças” que frequentavam a quinta, para terem explicações ou participarem em actividades organizadas pelo líder do grupo, que as convencia de que as sevícias sexuais a que eram sujeitas, eram, afinal, “actos purificadores”.

O caso só chegou ao conhecimento da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal devido à denúncia de uma pessoa que terá sido maltratada pelo líder da alegada seita religiosa, quando manifestou intenção de abandonar o local.

Na sequência da denúncia, a PJ efectuou uma operação policial, em Junho de 2015, que culminou com a detenção de oito pessoas (cinco homens e três mulheres), cinco das quais continuam em prisão preventiva.

Na mesma operação, a polícia apreendeu computadores, colchões, vídeos e fotografias que constituem elementos de prova dos crimes praticados.

Os crimes ocorreram numa quinta rodeada por diversas habitações, mas os residentes nos Brejos do Assa, no concelho de Palmela, distrito de Setúbal, nunca se terão apercebido do que realmente se passava, uma vez que as vedações altas ajudavam a esconder o que se passava no interior daquele espaço.

As próximas sessões do julgamento estão marcadas para 12 e 13 de Janeiro de 2017.

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