Primeiro dia da greve dos enfermeiros com adesão de 70%

Protesto prossegue amanhã em todo o país. Consultas e cirurgias são os serviços mais afectados.

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Os enfermeiros contestam o aumento da carga horária sem reforço salarial Virgílio Rodrigues

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estimou em 68,2% a adesão destes profissionais ao primeiro dia de greve, um valor mais baixo do que o registado durante o turno da noite, quando 78,1% aderiram à paralisação.

Os enfermeiros estiveram nesta terça-feira em greve e continuam amanhã em protesto contra o alargamento do seu horário de trabalho das 35 para as 40 horas, sem acréscimo de ordenado, e os cortes no sector da saúde, “que permitem que existam enfermeiros a ganhar 3,4 euros por hora”, disse ao PÚBLICO o presidente do SEP, José Carlos Martins. Lembram que a sua é uma profissão de risco e de “elevada penosidade”.

Segundo José Carlos Martins, a nível nacional, do levantamento feito pelo sindicato “serviço a serviço” e “hospital a hospital”, constatou-se que a adesão à greve oscilou entre os 60% e os 90%. “Isto é um claro sinal de que os enfermeiros não estão disponíveis para aceitar as 40 horas semanais”, afirmou.

O dirigente do SEP destacou “dois efeitos práticos” que já resultaram desta greve: o Ministério da Saúde já agendou uma reunião com o sindicato para sexta-feira e o grupo parlamentar socialista vai apresentar um projecto de resolução sobre esta matéria, refere a agência Lusa.

Os serviços mais afectados são as consultas de enfermagem nos centros de saúde e as consultas externas e cirurgias nos hospitais, adiantou. O SEP diz, em comunicado, que algumas instituições pressionaram os enfermeiros grevistas a render não grevistas e “tentaram responsabilizar os enfermeiros que exercem funções nos blocos operatórios pela não realização de intervenções cirúrgicas do foro oncológico, que não se enquadram dentro dos serviços mínimos”.

Também a Ordem dos Enfermeiros (OE) destacou hoje o “forte descontentamento” deste profissionais “motivado por condições de exercício adversas que resultam num elevado sentimento de injustiça e revolta”, considerando que “a enfermagem não é uma profissão ao serviço de outra profissão”.

Para Lúcia Leite, do Conselho Directivo da OE, as recentes políticas do Governo têm contribuído “para um clima de instabilidade e tensão nos serviços de saúde”, realçando ainda a “injustiça relativa” quando se comparam as condições de exercício de outros profissionais com as dos enfermeiros.

 

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