Portugueses são os mais insatisfeitos com a vida

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico divulga informação por país com indicadores que dão forma à qualidade de vida.

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Paulo Pimenta/Arquivo

Experimente perguntar a quem está à sua volta: como vai a vida? Em nenhum outro país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) encontrará tanta insatisfação como em Portugal.

De dois em dois anos, a OCDE divulga um Índice Vida Melhor, que constrói a partir de um conjunto de indicadores relacionados com o bem-estar. Esta quinta-feira, divulgou o perfil de cada um dos países membros. E é aí que revela que “a satisfação com a vida em Portugal é a mais baixa da OCDE”.

Não é por acaso que os países do Norte da Europa lideram o ranking. Gozar de boa saúde e ter um bom emprego são duas das mais importantes componentes do grau de satisfação com a vida. 

Como é a vida em Portugal em 2016? Os rendimentos estão abaixo do nível médio da OCDE. A insegurança no mercado de trabalho é grande. A taxa de desemprego de longa duração atinge os 8,3%. Desde 2009, há cada vez mais pessoas a trabalhar longas horas por rotina.

A qualidade do ar está acima da média da OCDE. Nos últimos anos, o país viu melhorias nas condições habitacionais relacionadas com a extensão da rede de saneamento. Só que apenas 46,1% dos adultos considera que tem uma saúde "boa" ou "muito boa".

Ajudaria fazer voluntariado formal. Quem o faz revela maior grau de satisfação com a vida, lê-se no documento. Os portugueses em idade activa gastam apenas uma média de dois minutos por dia nessa actividade, metade da média da OCDE.

Não é igual em todo o país. O sítio onde se vive também conta. O rendimento médio disponível é 50% maior em Lisboa do que no Norte do país. As taxas de desemprego oscilam entre os 10,6% na região Centro e os 16,3% nos Açores. Em Lisboa, 52,3% da força de trabalho tem pelo menos o ensino secundário; nos Açores, 28,9%.

Ter um bom começo de vida é importante para o presente, mas também para o futuro, refere o documento. O bem-estar material das crianças portuguesas espelha as condições económicas da família: 15,1% tem um pai ou uma mãe que encaixa no conceito de desempregado de longa duração. E, apesar de Portugal ter uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo, a taxa de baixo peso à nascença é a mais alta na OCDE.

Os estudantes portugueses são mais propensos a dizer que gostam da escola do que os dos outros países. Portugal exibe uma das mais baixas taxas de suicídio de adolescentes da OCDE e 79,2% dos estudantes garante que a maioria dos seus colegas de turma é "gentil" e "útil", uma das percentagens mais elevadas na OCDE. O que não invalida que 14% relatem que foram intimidadas pelo menos duas vezes nos últimos dois meses, quando na OCDE a média é de 10,1%.

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