Portugal pode ser atingido por períodos de seca de dez ou mais anos até 2100

Estudo da universidade de Newcastle traça vários cenários de seca para a Península Ibérica.

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Pior cenário: seca de 15 anos evr Enric Vives-Rubio

Portugal e Espanha podem ser atingidos até 2100 por 'megasecas', períodos de seca de dez ou mais anos, segundo os piores cenários traçados num estudo da universidade britânica de Newcastle, que tem a participação de uma investigadora portuguesa.

O estudo tem como primeira autora Selma Guerreiro, especialista em hidrologia e alterações climáticas, e estabelece vários cenários de seca para a Península Ibérica com base em 15 modelos climáticos considerados representativos.

O pior de todos os cenários admitidos até 2100 é uma seca de 15 anos, em que "chove metade da média" que era esperada, disse à Lusa a investigadora da Universidade de Newcastle.

Selma Guerreiro adiantou que todos os modelos prevêem um aumento da seca até ao fim do século XXI. O cenário mais 'animador' é o de secas mais frequentes, mas não tão prolongadas no tempo.

Para o estudo, a equipa de investigadores teve em conta índices de seca e percentagens estimadas para os caudais dos rios Tejo, Douro e Guadiana.

Segundo Selma Guerreiro, que realizou o trabalho no âmbito do seu doutoramento, todos os modelos assumem que os caudais dos rios vão ter menos água durante a primavera e o outono, com alguns a admitirem o mesmo cenário para o inverno, estação das chuvas.

Alguns dos modelos usados no estudo, publicado na quinta-feira na revista International Journal of Climatology, são da agência espacial norte-americana (NASA), da agência norte-americana para os oceanos e a atmosfera (NOAA) e dos institutos de meteorologia europeu e britânico.

Frequentemente são utilizados pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU, salientou a investigadora portuguesa.

 

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