Portugal no topo de candidaturas de jovens ao Corpo Europeu de Solidariedade

Quase 2500 jovens portugueses candidataram-se a rede que procura emprego ou voluntariado na área solidária. Itália ocupa o primeiro lugar. Organizações já podem aceder a base de dados com quase 24 mil currículos.

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Segundo a Comissão Europeia, os sectores de cariz solidário na UE empregavam em 2015 mais de 40 milhões de pessoas Paulo Pimenta

Portugal é o terceiro país na União Europeia com mais candidatos ao Corpo Europeu de Solidariedade (CES), uma espécie de bolsa de encontro entre jovens que querem fazer trabalho social e organizações não-governamentais ou empresas que desenvolvem actividades solidárias.

Até esta quinta-feira tinham-se candidatado 2484 jovens portugueses, segundo dados fornecidos ao PÚBLICO pelo gabinete da Comissão Europeia encarregue da divulgação. Os outros lugares de topo do ranking são ocupados por países do Sul da Europa: em primeiro ficou a Itália, com 4036 inscrições, e em segundo Espanha com 3233.

Desde que o Corpo Europeu de Solidariedade foi lançado há três meses que se inscreveram quase 24 mil jovens entre os 18 e os 30 anos: do total, cerca de dois terços são mulheres e a maioria tem entre 21 e 22 anos, disse a mesma fonte.

O objectivo é ter, até 2020, 100 mil jovens nesta “rede” onde, a partir de agora, organizações não-governamentais, organizações da sociedade civil, autoridades nacionais, regionais e locais ou empresas sociais podem aceder à base de dados e escolher os candidatos. Jovens, que sejam cidadãos ou residam na União Europeia, inscrevem-se para trabalhar, estagiar ou voluntariar-se em áreas que vão do ambiente à distribuição de alimentos por um período de dois meses a um ano, no seu próprio país ou noutro. A ideia do Corpo Europeu de Solidariedade é dar “resposta a situações difíceis em toda a Europa”, promovendo e reforçando “o valor da solidariedade”.

240 organização portuguesas

As organizações acreditadas para gerir projectos no âmbito do Serviço Voluntário Europeu (SEV) já têm acesso automático à base de dados deste programa: das mais de 5200, cerca de 240 são portuguesas (há desde grupos culturais, como o Teatro da Garagem, a associações religiosas, como o Centro Paroquial de Fornos). Só entidades acreditadas é que podem fazer a busca no sistema. Nesta primeira fase, o Corpo Europeu de Solidariedade, que quer ter o seu próprio financiamento, é financiado por oito programas da União Europeia – como o Erasmus e o Europe for Citizens. As futuras organizações que se juntem podem pedir financiamento através destes fundos, desde que se comprometam com alguns princípios, entre eles assinando a Carta do Corpo Europeu de Solidariedade, onde se enunciam as regras de contrato com os jovens.

“Estou muito orgulhoso que tantos jovens se tenham candidatado”, disse por email ao PÚBLICO Tibor Navracsics, comissário responsável pela Educação, a Cultura, a Juventude e o Desporto. “Agora encorajo as organizações a disponibilizarem tantos lugares quanto possível”, acrescentou.

Experiência única

Para o comissário, este programa oferece aos jovens uma experiência única numa altura da vida em que estão a começar as suas carreiras. “Ajudar os outros traz efeitos positivos: as experiências vão enriquecer as suas vidas e equipá-las com competências que precisam no mercado de trabalho, competências interpessoais e interculturais e de linguagem, por exemplo.”  

O CES vai passar certificados aos jovens, algo que será útil para o currículo, acrescentou o comissário. “Sabemos que três em quatro empregadores acham que o voluntariado no Serviço Europeu de Voluntariado aumenta as hipóteses de encontrar trabalho. E mais de 70% dos que se voluntariaram através do SEV acreditam que a sua experiência aumentou as hipóteses de encontrarem um trabalho melhor.”  

Segundo a Comissão Europeia, os sectores de cariz solidário na UE empregavam em 2015 mais de 40 milhões de pessoas. De acordo com a mesma fonte, um em cada quatro jovens participou numa actividade de voluntariado durante os últimos 12 meses.

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