Colégio português homenageado pelo trabalho do padre aviador que salvou judeus em Itália

Padre Joaquim Carreira ajudou a acolher, durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 50 refugiados no Pontifício Colégio Português de Roma.

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O padre Joaquim Carreira era natural de Leiria DR

“Casa de Vida”. Este é o nome do título que a Fundação Raoul Wallenberg vai atribuir, nesta terça-feira, ao Pontifício Colégio Português de Roma pelo trabalho que a instituição fez com Joaquim Carreira, o primeiro padre português a tirar o brevet e que foi para aquela cidade salvar judeus e antifascistas perseguidos pelo regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

“A concessão deste título fica a dever-se à acção do padre Joaquim Carreira que, entre Setembro de 1943 e Junho de 1944, coincidindo com a ocupação nazi de Roma, acolheu no Colégio cerca de meia centena de pessoas, arriscando a sua própria vida”, destaca o Pontifício Colégio Português de Roma, em comunicado.

Judeus, socialistas, resistentes antifascistas e outros cidadãos italianos que se opunham ao fascismo são alguns dos exemplos das pessoas acolhidas pelo padre português no colégio onde ainda hoje ficam alojados os padres portugueses que estudam na capital italiana. Joaquim Carreira nasceu em 1908 em Leiria, mas foi em Roma que passou grande parte da sua vida. Morreu em 1981.

Na cerimónia em que será entregue o prémio estarão presentes os representantes da Fundação Wallenberg, o cardeal-patriarca D. Manuel Clemente e Luigi Priolo, um dos refugiados no colégio, entre 1943 e 1944. Estará também a assistir o jornalista António Marujo, que escreveu pela primeira vez sobre o relatório do padre Joaquim Carreira em que constavam os nomes dos refugiados e que identificou ainda perto de 200 outras pessoas que foram salvas, nomeadamente mulheres e crianças, mas que foram distribuídas por outras casas religiosas de Roma.

Há dois anos, Joaquim Carreira já tinha sido homenageado pelo seu trabalho. O Instituto para a Memória do Holocausto, de Jerusalém, declarou-o “Justo entre as Nações”, exactamente o mesmo título dado ao cônsul Aristides de Sousa Mendes, que salvou milhares de pessoas em Bordéus, através da concessão de vistos, contrariando as ordens de Salazar.

A Fundação Wallenberf, fundada pelo diplomata sueco Baruch Tenembaum, que salvou várias pessoas durante a Segunda Guerra Mundial, tem como principal objectivo a preservação da memória de pessoas e instituições que acolheram os perseguidos durante o Holocausto. O objectivo é “infundir nas novas gerações o espírito de solidariedade e fraternidade”.

O Pontifício Colégio Português, em Roma, foi criado pela Carta apostólica Rei catholicae apud lusitanos, do Papa Leão XIII, para alojar os padres enviados para Roma pelos seus bispos ou superiores, com o objectivo de aprofundarem os estudos nas várias áreas do saber humano e teológico. A instituição pertence à Conferência Episcopal Portuguesa mas depende também da Santa Sé, dado que o seu reitor é nomeado pela Congregação para a Educação Católica, sob proposta dos bispos de Portugal; o vice-reitor e outros responsáveis são designados pelo episcopado nacional, com o conhecimento do Vaticano, explica a agência Ecclesia.

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