Politécnico do Porto aposta numa oferta formativa mais "pragmática"

Vão ser criadas duas novas escolas, uma na área da hotelaria e turismo e outra de Media e Design. Mas a reestruturação não é pacífica.

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O Instituto Politécnico do Porto conta com mais de 18 mil alunos JB

O Conselho Geral do Instituto Politécnico do Porto (IPP), com 35 membros, aprovou na quarta-feira por uma margem muito expressiva “e com várias referências valorativas” a proposta de reforma de reestruturação da oferta de formação nas suas escolas.

O Instituto vai apostar numa reorientação estratégica a nível da oferta formativa, de forma a reforçar os oito clusters de referência que foram previamente identificados para o ensino e formação, investigação e transferência de tecnologia e conhecimento.

Segundo a presidente do IPP, Maria Rosário Gamboa, são estes os oito clusters em questão: Engenharia, Ciências Empresariais, Educação, Saúde, Tecnologia e Gestão, Hotelaria e Turismo, Artes (Música e Artes do Espectáculo) e Design, Multimédia e Audiovisual. Esta é a aposta do IPP e nesta reorganização vão ser criadas duas novas escolas, a partir do pólo da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) de Vila do Conde/Póvoa de Varzim. A ESEIG vai dar lugar à Escola Superior de Hotelaria e Turismo e à Escola Superior de Media e Design.

A reestruturação aprovada resulta de diversos estudos e contactos com várias instituições. Segundo Rosário Gamboa, este reposicionamento do Politécnico do Porto na rede do ensino superior nacional e internacional obedece a vários critérios que são considerados “fundamentais”, como a “massa crítica, a consolidação do corpo docente e o reforço do modelo formativo – que a presidente do IPP quer "mais pragmático e distintivo e eficaz do ponto de vista da gestão”.

O Instituto Politécnico, que conta com mais de 18 mil alunos, garante que o processo será feito de uma forma gradual, criando para o efeito comissões especializadas de transição.

Rosário Gamboa justificou o desaparecimento da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão de Vila do Conde/Póvoa de Varzim considerando que a escola “tinha uma oferta formativa excessivamente ampla" e que teria muita dificuldade em corresponder, "como estava", aos "critérios que foram definidos: massa crítica, competitividade e consolidação”. “A Escola de Vila do Conde tem uma dispersão muito grande que retira eficácia à gestão”, declarou, nomeando os diversos cursos ministrados: Contabilidade, Gestão Industrial, Engenharia Biomédica, Hotelaria, Ciências e Tecnologias de Informação e Documentação, Recursos Humanos e Design. Há um ano que o curso de Engenharia Mecânica saiu de lá e foi para o Instituto de Engenharia do Porto, para onde vão, entretanto, os cursos de Gestão Industrial e Engenharia Biomédica.

Estas mudanças estão a criar algum mal-estar na ESEIG. Joel Fernandes, professor com assento no conselho técnico-científico da escola, não entende as razões que levam o IPP a quer acabar com a “marca estratégica" da escola que fez agora 26 anos e considera mesmo que esta reestruturação pode “comprometer o apoio às microempresas da região”. “A ESEIG é a única escola do género do país”, refere, declarando que a “decisão do IPP vai ao arrepio das proclamações politicas que todos os dias se ouvem e que apontam para que Portugal volte aos bens transaccionáveis”.

O professor de Gestão, Contabilidade e Economia desafia a direcção do IPP a mostrar os estudos económicos em que se baseou para avançar com um plano de reestruturação que é apenas válido para o pólo de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, deixando de fora o pólo de Felgueiras. “Há 26 anos, a tutela percebeu a importância de criar uma escola em forma de girassol, em que o centro representa as empresas e as pétalas são os cursos, ministrando cursos na área da Engenharia, Contabilidade e Gestão, Gestão de Hotelaria e Design, entre outros”.

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