Petição contra o peso das mochilas: "Espero que não caia em saco roto"

Petição foi entregue nesta sexta-feira. Um dos promotores diz que secretário de Estado da Educação corre o risco de ser "conivente" com a continuação de um problema de saúde pública.

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Petição contra o peso das mochilas escolares recolheu 48 mil assinaturas Nelson Garrido

O actor José Wallenstein, um dos promotores da petição pública contra o peso das mochilas escolares, apelou nesta sexta-feira ao secretário de Estado da Educação, João Costa, que “reflicta e recue” na posição que defendeu nesta sexta-feira quando, em declarações à TSF, considerou que “não vale a pena ter um despacho a dizer que mochilas devem ter um peso tal e depois não ter uma balança à porta das escolas para avaliar o peso das mochilas”.

Estas declarações foram proferidas poucas horas antes de ser entregue no Parlamento a petição sobre as mochilas escolares, que recolheu 48 mil assinaturas num mês, e onde se apela à adopção de “uma legislação, com carácter definitivo, que veicule que o peso das mochilas escolares não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças”. Devido ao número de assinaturas, esta petição terá obrigatoriamente de ser debatida pelo Parlamento.

“O sr. Secretário de Estado corre o risco de estar a ser conivente com a continuação da degradação da saúde e bem-estar” das crianças e jovens, disse ao PÚBLICO José Wallenstein, que aconselhou também João Costa a deixar “que o processo de discussão pública decorra com toda a normalidade”. “Espero que a petição não caia em saco roto. Apesar de tudo, quero acreditar que vivo numa democracia, onde os cidadãos têm direito à indignação e a expressarem os seus problemas”, disse o actor.

Nas declarações à TSF, João Costa afirmou também que o Governo “está muito receptivo” para analisar a petição “com o maior cuidado”. “Só uma decisão política e a existência de legislação pode pôr fim a este problema, que está detectado desde 2003, mas nunca foi resolvido”, frisa Wallenstein.

Na petição que foi entregue nesta sexta-feira lembra-se que um estudo da DECO, realizado em 2003, dava conta de que mais de metade das crianças do 5.º e do 6.º anos de escolaridade transporta peso a mais nas suas mochilas escolares. Foram pesadas 360 crianças e as respectivas mochilas escolares, em 14 escolas públicas e privadas.

“Os nossos filhos não podem andar com o mundo às costas”, refere-se na petição, onde também se lembra que “as crianças que transportam regularmente peso excessivo às costas são as que têm mais probabilidade de desenvolver deformações ao nível dos ossos e dos músculos”. “Quanto mais pesada for a mochila, maior probabilidade de problemas de saúde terá”, alerta-se no documento, que conta com o apoio, entre outros, da Confederação Nacional das Associações de Pais, da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral.

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