Passiva, pública e de gratidão

Palavra de origem latina, debita, que se traduz por “coisa que se deve”. Há vários tipos de dívida: “activa” (a que nos é devida), “consolidada” (a que vence juros sem prazo para reembolso do capital), “flutuante” (a que tem vencimento determinado), “pública” (a do Estado) e, por último, “passiva” (a que devemos).

Foi uma dívida deste tipo (“passiva” e que durou cinco anos), à Segurança Social e às Finanças, que Pedro Passos Coelho teve dificuldade em justificar na quarta-feira no Parlamento. Na verdade, até nem teve muita dificuldade, já que “passiva” foi também a atitude do maior partido da oposição, o Partido Socialista.

O seu líder, António Costa, considerou estar “tudo esclarecido” sobre as contribuições do primeiro-ministro. Talvez este lhe fique com uma “dívida de gratidão”, isto é, “dever moral por favor ou bem recebido”. Ou talvez aquele queira capitalizar esta “dívida” mais adiante, em campanha eleitoral.

“(...) o chefe de Governo referiu-se aos seus atrasos no pagamento das contribuições à Segurança Social como ‘falhas’. E assumiu: ‘Lamento profundamente não ter tido conhecimento’ desses pagamentos enquanto trabalhador independente nos anos 1990. ‘Não tenho nenhuma situação por regularizar seja em matéria fiscal ou de Segurança Social’”, escreveu-se no PÚBLICO. E também se deu conhecimento do que disse Ferro Rodrigues: “Fez mal ao não ter aproveitado para pedir desculpa a Portugal, aos seus eleitores, aos portugueses.” E pronto, vá lá à sua vidinha, sr. primeiro-ministro.

Em sentido figurado, uma “dívida” é um “dever”, mas também uma “ofensa, de que se espera tirar desforra”. Em certas circunstâncias, diz-se que é “pecado”. Mesmo se não se é crente.

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