Parlamento “tem que voltar a ser o espaço para a construção de compromissos”

Maria de Lurdes Rodrigues foi uma das oradoras no painel sobre educação da Escola de Quadros do CDS-PP.

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“A Parque Escolar não foi um luxo, foi a normalidade", disse a ex-ministra da Educação Rui Gaudêncio

A antiga ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues defendeu neste sábado que algumas medidas do Governo no sector foram tomadas porque as decisões do anterior executivo não foram “minimamente consensualizadas”, lamentando que o Parlamento não seja um espaço de consenso.

Maria de Lurdes Rodrigues — que foi ministra da educação no Governo socialista de José Sócrates — foi uma das oradoras no painel da Escola de Quadros do CDS-PP, intitulado “Aposta da Educação”, convite que aliás gerou críticas internas no partido, tendo o director da iniciativa, Diogo Feio, afirmado no arranque da sessão que “a melhor forma de chegar a consensos é ter como primeiro passo o debate”.

“Algumas destas alterações a que assistimos nestes meses por este Governo resultam das decisões tomadas pelo Governo imediatamente anterior não terem sido minimamente consensualizadas. Elas são tomadas e percebidas como sendo em ruptura. Quanto há uma mudança de política isso é percebido como uma oportunidade para voltar a repor as coisas”, disse, saindo em defesa do actual titular da pasta da educação, o independente Tiago Brandão Rodrigues.

Segundo Maria de Lurdes Rodrigues, “quando um ministro chega ao ministério sofre imensas pressões para introduzir mudanças deste tipo de ajustamento” e “sofre tantas mais pressões quanto menos consensualizadas tiverem sido as decisões tomadas pelo Governo anterior”. Mencionou, por exemplo, os contratos de associação com os colégios privados. E as provas de aferição: “Quando se introduziram as provas de aferição do 4.º ano havia consenso” e quando o anterior Executivo PSD/CDS-PP acabou com essas provas e introduziu os exames rompeu com a estabilidade, disse.

A partilhar o painel com a antiga ministra esteve a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa, o rosto do partido para a área da educação, que numa resposta aos jovens centristas lamentou o facto de não haver “margem para a geração de consensos na área da educação”, não sendo “os tempos para grandes compromissos nem consensos”.

"Parque Escolar não foi um luxo"

“Tenho pena que em sede do Parlamento não se procure, naquela comissão de Educação e Cultura, saber o que nos divide e de que forma é que nos podemos aproxima. O Parlamento, da mesma forma que foi o espaço absolutamente essencial para a aprovação da lei de bases [da Educação], tem que voltar a ser o espaço para a construção de novos compromissos”, defendeu a antiga ministra, em resposta.

Para Maria de Lurdes Rodrigues este não é um “momento tão negativo como diz a deputada Ana Rita Bessa”, uma vez que os dois partidos do arco da governação estão obrigados a governar com outras forças partidárias e a actual conjuntura pode ser uma oportunidade.

A antiga governante foi ainda confrontada pelos participantes na Escola de Quadros do CDS-PP, que decorre até este domingo em Peniche, com as opções do programa por si aplicado, o Parque Escolar, explicando que considerou que este era “uma oportunidade para mudar o panorama das escolas secundárias em Portugal”, que estavam na sua grande maioria muito degradadas e sem condições.

“A Parque Escolar não foi um luxo, foi a normalidade. Foi um grande programa, com recursos financeiros adequados”, disse, manifestando uma “grande orgulho” por “uma grande decisão” que tomou.

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