Parar a investigação (mas não a memória)

Substantivo masculino que significa “acção ou efeito de guardar em arquivo”, “de arquivar” e ainda “dar por terminado o andamento de uma investigação”. Dito de outra forma: “Sobrestar no andamento de (um processo ou um inquérito).”

O “arquivamento” do inquérito sobre as mortes dos alunos da Universidade Lusófona na noite de 15 de Dezembro de 2013 no Meco confirmou-se na quarta-feira. “O despacho do Ministério Público já foi proferido e coloca um ponto final no inquérito, que não encontrou responsáveis. Familiares dos estudantes vão requerer a instrução do processo para avançar em tribunal com o caso”, noticiou-se.

O advogado das famílias dos jovens, Vítor Parente Ribeiro, disse pretender “requerer a nulidade do inquérito do Ministério Público, por o único sobrevivente nunca ter sido constituído arguido”. Para este domingo, foi marcada uma reunião do advogado com as famílias das vítimas.

“Arquivar” é um verbo que assume os dois significados aqui em presença. Se quer dizer “deixar de lado”, “esquecer”, como pretende o Ministério Público, também se traduz por “conservar na memória”, como jamais as famílias poderão evitar.

Ao Expresso, António Soares, pai de Catarina Soares, disse: “Como pai, considero o arquivamento uma atitude errada e não nos esclarece. Queremos apenas saber a verdade e não andamos à procura de culpados. (…) Vamos ter de reagir. Vamos pedir para reabrir o processo.”

No Brasil, chama-se “arquivo vivo” à “testemunha dum crime”. No caso do Meco, a única testemunha chama-se João Miguel Gouveia. Só não se sabe se houve crime.

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