Padre suspeito de desviar fundos continua a gerir cinco IPSS da Igreja

Patriarcado de Lisboa, que tutela as instituições, recusa fazer comentários sobre o caso, não esclarecendo se pretende afastar o pároco Arsénio Isidoro da presidência daqueles organismos.

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Pedro Cunha

O padre Arsénio Isidoro, presidente de cinco instituições de solidariedade social do Patriarcado de Lisboa, que foi constituído arguido esta quarta-feira por suspeita de ter desviado fundos para comprar bens de luxo, continua a ser o responsável máximo por aquelas organizações. O mesmo acontecerá com a responsável financeira das cinco instituições, que foi igualmente constituída arguida, segundo fonte policial.

O PÚBLICO tentou insistentemente esta quinta-feira obter um comentário do Patriarcado de Lisboa, liderado pelo cardeal patriarca D. Manuel Clemente, mas apesar das inúmeras tentativas de contactos, o porta-voz do patriarcado, padre Nuno Rosário Fernandes nunca atendeu o telefone, nem respondeu às várias mensagens deixadas no seu telemóvel. O PÚBLICO tentou igualmente contactar Arsénio Isidoro, que manteve o telemóvel desligado e não respondeu ao pedido de contacto deixado já na quarta-feira no Centro Comunitário de Torres Vedras.

O padre Arsénio Isidoro, 42 anos, está há vários anos à frente de cinco instituições particulares de solidariedade social do Patriarcado de Lisboa, cargos para que foi nomeado pelo então cardeal patriarca D. José Policarpo. D. Manuel Clemente é o único com poderes para destituir o padre das IPSS (Casa do Gaiato de Lisboa, associação Florinhas da Rua, Instituto Sãozinha e Centro Comunitário Paroquial da Ramada) e nomear uma nova direcção ou temporariamente uma comissão administrativa. Antes, o sacerdote, que era uma pessoa de confiança do então patriarca, tinha sido orientador de jovens num seminário. Ordenado em Julho de 2000, passou cerca de uma década como pároco da Ramada, em Odivelas, sendo actualmente responsável por quatro igrejas em Torres Vedras.

O padre é suspeito de comprar em seu nome ou em nome das instituições a que preside vários bens de luxo para uso próprio, como um automóvel Porsche de valor superior a 150 mil euros, terrenos, motas de corrida, motas de águas, entre outros. Esta quarta-feira a Policia Judiciária anunciou a realização de dez buscas numa investigação, iniciada em meados de 2014, que tenta apurar a "gestão fraudulenta de entidades privadas com utilidade pública consubstanciados em apropriações indevidas para aquisição de bens de luxo”.

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