O pão nosso

Acho que é a primeira vez que se faz um levantamento vivo daquele que é seguramente o alimento preferido dos portugueses.

Acabo de ler as empolgantes reportagens sobre o pão em Portugal. Estão no P2 de hoje, escritas por Francisca Gorjão Henriques e Alexandra Prado Coelho. Acho que é a primeira vez que se faz um levantamento vivo daquele que é seguramente o alimento preferido dos portugueses.

Há razões para a depressão e razões para a esperança. Enquanto coexistirem podemos respirar fundo. Apesar de todos termos histórias tristes sobre pães que se deixaram de fazer, a verdade é que há cada vez mais pães diferentes para comprar, maus e bons. Imagine-se o inferno se só houvesse pão do bom e outro, pior ainda, em que só houvesse do mau. Há países inteiros em que só há pão que não presta.

Noutros é preciso conhecer quem faz pão bom e pagar pelo privilégio. Na variadíssima padaria Spica em Paço d'Arcos compra-se a obra-prima que é a broa de Avintes de Arminda Neto. Soube dela graças à reportagem de Ana Maria Henriques no PÚBLICO. Sabe ainda melhor depois de ler a história de quem faz a broa e de como ela é feita em Avintes, claro, no concelho de Vila Nova de Gaia.

A carcaça, cozida em forno de lenha, é secretamente o pão favorito de muita gente. As boas, quando ainda estão estaladiças, são
inexcedivelmente deliciosas, práticas e propícias a fazer sandes. Em 2011, sensacionalmente, Frederico Duarte encontrou e entrevistou o autor da carcaça actual. O design - sem maminhas e com um vinco ao meio - foi celebrado aqui no PÚBLICO na épica coluna O design nosso de cada dia. É mesmo: ler e chorar por mais.

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