O Oriente tem “um dinamismo vocacional que a Europa não tem”

A "deseuropeização" da Igreja Católica dotou-a de uma "compreensão mais universal do mundo".

Foto
Adriano Miranda

Além de jesuíta, Francisco é o primeiro Papa da América Latina. E este pontificado decorre numa altura em que a Companhia de Jesus - a maior ordem da Igreja Católica de onde proveio Jorge Bergoglio e que tem cerca de 17 mil membros - é pela primeira vez liderada por um não-europeu, o venezuelano Arturo Sosa. Tudo somado, o padre José Frazão Correia conclui, como recentemente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que o eurocentrismo da Igreja Católica chegou ao fim. “Percebemos - mesmo na Companhia isso é claro – que outras áreas geográficas começam a ter uma relevância muito maior, como a Índia, a África, a América Latina”, diz, para sustentar que esta “deseuropeização” tem dotado a Igreja de “uma compreensão mais universal do mundo”.

“Numa aldeia global relativamente pequena, onde tudo acontece ao mesmo tempo, mas onde, apesar de tudo, havia zonas muito esquecidas”, José Frazão aplaude o que considera ser o esforço do Papa Francisco para tornar o colégio cardinalíceo “verdadeiramente universal, onde possam ter expressão as várias cores e línguas da Igreja”. É que é em zonas do Oriente, como a Índia e o Vietname, que a Igreja encontra hoje “um dinamismo vocacional que a Europa não tem”. “Talvez nos custe muito”, declara ainda José Frazão, para quem “a Europa terá sempre um lugar muito relevante por aquilo que ofereceu ao mundo e à civilização”, mas “a verdade é que o centro descentrou-se”. Dito doutro modo: “Hoje vivemos em múltiplos centros e a Igreja tem uma compreensão muito mais fina, mais justa, da sua própria universalidade."

Sugerir correcção
Comentar