“Crato foi o que mais massacrou a escola pública desde o 25 de Abril”, acusa Ana Benavente

Movimento em defesa da escola pública foi a Belém sensibilizar o Presidente para a importância do ensino financiado pelo Estado e a necessidade de “reverter o ciclo de cortes” no próximo Orçamento do Estado.

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Ana Benavente criticou o ex-ministro da Educação Daniel Rocha

No movimento em defesa da escola pública ninguém ficou surpreendido por Nuno Crato ter confirmado que será testemunha dos colégios privados contra os cortes nos contratos de associação na batalha judicial que se avizinha. Esta sexta-feira, à saída da audiência que a plataforma pediu ao Presidente da República, Mário Nogueira (Fenprof), Helena Roseta e Ana Benavente deixaram claro que se tratava de uma situação normal no âmbito de processos judiciais.

Mas para a antiga secretária de Estado da Educação, a socialista Ana Benavente, é claríssima a posição que o ex-ministro vai tomar: “Não restam dúvidas nem surpreende ninguém que ele estará do lado dos colégios contra a escola pública, porque foi o governante que, desde o 25 de Abril, mais massacrou e fez retroceder a escola pública em Portugal”. Portanto, rematou Mário Nogueira, “isso é uma coisa perfeitamente natural”.

De sensibilidades políticas diferentes, Nogueira, Roseta e Benavente integram o movimento que promoveu a manifestação de 18 de Junho e uma petição para que o apoio a colégios privados “tenha lugar apenas quando a resposta pública é insuficiente” e que seja garantido “o financiamento adequado à escola pública”.

Agora, foram sensibilizar Marcelo Rebelo de Sousa para o papel do ensino financiado pelo Estado: “A escola pública consegue hoje acolher e responder a 87% dos alunos com necessidades educativas especiais, formou a geração mais qualificada de portugueses, conseguiu uma resposta positiva a sucessivos alargamentos de escolaridade e já vamos no 12º ano, apesar de todas as dificuldades”, sublinhou Mário Nogueira, no final do encontro.

Mas mais do que isso, quiseram também sensibilizar o Presidente para a importância do próximo Orçamento do Estado: “Esperamos que seja o momento de começar a inverter o ciclo de corte e de asfixia dos últimos quatro anos”, porque, insistiu Mário Nogueira, “o início da reversão da rota de corte é fundamental a partir de Janeiro”.

Por isso, adiantou o líder da Fenprof, os próximos passos do movimento serão em torno Orçamento do Estado de 2017. “Aquilo que vai ser a educação em Portugal, a escola pública, a sua capacidade de organização, de funcionamento e de resposta vai depender do investimento, que é hoje mais do que indispensável depois de nos últimos quatro anos terem sido mais de dois mil milhões cortados na escola pública”, sublinhou Mário Nogueira.

Sobre os processos judiciais anunciados pelos colégios privados, apenas espera que não perturbe o arranque do ano lectivo.

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