Número de incêndios e área ardida dispararam no primeiro trimestre do ano

Área ardida é 20 vezes superior à registada em igual período de 2016. Tempo foi mais quente e mais seco.

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GNR alerta para queimadas: nos últimos dias tem-se verificado um conjunto elevado de ocorrências de incêndios florestais”, muitas delas “provenientes de uma utilização incorrecta do fogo” Manuel Roberto

O número de incêndios rurais e a área ardida registados no primeiro trimestre deste ano aumentou, respectivamente, 551% e 1953% relativamente ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, quer a área ardida quer o número de incêndios em 2017 encontram-se dentro das médias do período 2007-2016.

Segundo revelam os números obtidos pelo PÚBLICO junto da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), no primeiro trimestre do ano passado verificaram-se 332 incêndios rurais. Este ano, em igual período, foram 2160. A área ardida passou de 316 hectares para 6487 — ou seja, 20 vezes mais. A média do período 2007-2016, para os primeiros três meses de cada ano, segundo a ANPC, é de 2266 incêndios e 6578 hectares consumidos pelo fogo.

Embora ainda não existam dados para o mês de Abril, há a percepção clara de que o número de incêndios tem sido muito elevado este mês, tendo-se verificado várias centenas de ocorrências.

Na semana passada, a ministra da Administração Interna disse no Parlamento que em Abril já tinham deflagrado “muitos incêndios em mato”, tendo estado no terreno “oito mil operacionais, apoiados por mais de dois mil veículos e 37 meios aéreos”.

Constança Urbano de Sousa disse ainda que poderão ser contratados mais meios aéreos anfíbios para a época de combate aos incêndios, que se inicia a 15 de Maio, caso se justifique.

Em Fevereiro, a ministra já tinha anunciado que cerca de 1300 militares do exército iram ser formados pela Protecção Civil no combate a incêndios.

Na quarta-feira, a ANPC informou que as regiões norte e centro iriam registar índices “elevados a muito elevados” de risco de incêndio, assentes em temperaturas máximas que podiam atingir valores entre os 28 e os 30 graus na generalidade do território. Nesta sexta-feira voltou a emitir um comunicado onde fala de um "cenário desfavorável em termos de incêndios florestais" para os próximos dias, com a previsão de "temperaturas máximas acima de 25ºC na generalidade do território".

Um Janeiro seco

Segundo os boletins climatológicos do IPMA, em Janeiro e Março do ano passado a precipitação e temperaturas médias foram consideradas normais (entre 10,27 e 10,78 graus) e Fevereiro foi classificado como chuvoso.

Já este ano, Janeiro foi declarado “seco”, com uma temperatura média de 9 graus, e em Fevereiro e Março a precipitação foi normal, mas as temperaturas ficaram acima da média (12,36 graus em Março).

Abril regista neste momento temperaturas muito acima da média geral para este mês (11 de mínima e 19 de máxima). Na maior parte do território continental, este mês teve temperaturas máximas quase sempre acima dos 25 graus centígrados, tendo chegado perto dos 30 em algumas regiões, o que representa um Abril bem mais quente do que o do ano passado, quando as temperaturas estiveram dentro do valor médio. O mês de Abril de 2016 foi também extremamente chuvoso, tendo sido o terceiro Abril com maior precipitação desde 2000.

Já nesta sexta-feira, a GNR emitiu um comunicado a lembrar que “nos últimos dias tem-se verificado um conjunto elevado de ocorrências de incêndios florestais”, muitas delas “provenientes de uma utilização incorrecta do fogo”, principalmente em queimadas de sobrantes de exploração agrícola ou florestais.

Por isso, a GNR lança uma séria de alertas sobre os cuidados a ter nesta situações e quais as situações legais em que devem ser feitas.

A época oficial de combate a incêndios começa a 15 de Maio e termina a 15 de Outubro, estando os meios de combate na sua capacidade máxima entre 1 de Julho e 30 de Setembro, durante a chamada “fase Charlie”.

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