No Sul da Europa bebe-se mais vezes, mas menos de cada vez

Estudo da Acção Comum Europeia para a Redução dos Efeitos Nocivos do Álcool indica que no Norte e no Centro se bebe menos vezes, mas mais de cada vez

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NFACTOS/Fernando Veludo

Não há como negá-lo: as bebidas alcoólicas fazem parte do quotidiano da Europa do Sul. Na Europa do Norte bebe-se com menos regularidade, mas as bebedeiras repetem-se com maior frequência. E é na Europa Central que o comportamento problemático assume maior proporção.

As declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, estão a causar algum furor. Gastam os países do Sul da Europa, que foram mais afectados pela crise financeira e económica, mais dinheiro em bebidas alcoólicas e mulheres (ou homens)?

Sobre mulheres ou homens, não há dados. Sobre bebidas alcoólicas, sim. Se não sobre gastos, sobre consumos.

 A Acção Comum Europeia para a Redução dos Efeitos Nocivos do Álcool – que envolve todos países da União Europeia, a Islândia, a Noruega e a Suíça, num conjunto de 61 entidades, entre as quais a Organização Mundial de Saúde e o Grupo Pompidou do Conselho da Europa – aplicou um inquérito em 2015. Pela primeira vez, os critérios foram harmonizados e produziram-se dados comparáveis.

O consumo de bebidas alcoólicas é comum em todo o espaço comunitário. Salvo algumas excepções, a cerveja domina. Nos países do Sul, em particular em Portugal, o vinho impõe-se. Na Polónia e nos países bálticos, as bebidas espirituosas, como as vodkas, encabeçam preferências.

Não há muita gente que nada consuma. As taxas de abstinência oscilam entre os 12% de Portugal e os 6,9% da Dinamarca. É no Sul da Europa que se encontram os mais elevados níveis de abstinência. No Norte até são relativamente baixos. E na Europa Central tendem a ser moderados.

Os investigadores perguntaram a quem bebe, em quantos dias o fizera no ano anterior. No quadro de barras, destacam-se Portugal (155,7), Bélgica (116) e Inglaterra (101). Logo atrás,  Dinamarca, Alemanha, Áustria. Os valores mais baixos registam-se na Islândia (42,2), na Polónia (43,6) e na Letónia (44,3).

Tudo muda quando se atende aos episódios de consumo excessivo. A Europa divide-se, de forma clara, entre Norte e o Sul. Os valores oscilam entre 12,9 em Portugal e 80,5 na Dinamarca. No que concerne a bebedeiras, lideram a Dinamarca, a Finlândia, a Suécia, a Islândia, a Noruega e a Bélgica.

Diversos estudos anteriores indicavam que o consumo de bebidas alcoólicas estava menos integrado no dia-a-dia dos europeus do Norte. Tendem a beber apenas em dias específicos, mas em grande quantidade. No Sul, o consumo ligeiro de bebidas alcoólicas faz parte da vida diária. É na Europa Central, todavia, que o comportamento assume contornos mais problemáticos: taxas de abstenção moderadas, maior frequência de consumo, elevada frequência de bebedeiras.  

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