Neste centro de saúde há doentes obrigados a conviver com cadáveres

Sindicato dos Enfermeiros denuncia situação “surreal” em Vila Real de Santo António. ARS diz que já deu instruções para resolver problemas.

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O sindicato diz que os problemas em Vila real de Santo António são de há muito REUTERS/Asmaa Waguih (arquivo)

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou nesta quarta-feira para a alegada falta de condições para acondicionar e preservar os cadáveres no Centro de Saúde de Vila Real de Santo António, enquanto aguardam transporte pelas funerárias.

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Moura Reis, disse à agência Lusa que aquela unidade de saúde já tinha recebido ordens para usar outra sala e que a morgue municipal dista cerca de 30 metros do centro de saúde.

Em comunicado, o sindicato diz que o problema já tem vários anos, mas que a recente realização de obras para resolver o problema fazia prever que tudo ficasse solucionado nas novas instalações, o que não aconteceu.

"Pasme-se, os corpos nem cabem nas 'novas instalações', pelo que permanecem no mesmo sítio", alertam os sindicalistas, apelidando a situação de "surreal".

Em declarações à agência Lusa, o sindicalista Nuno Manjua disse ter visitado hoje o local e verificou que os corpos, para serem encaminhados para a sala não refrigerada que é usada, passam pelos corredores do centro de saúde à frente de profissionais e utentes e que o cheiro de corpos em decomposição é insuportável. Um "cenário que só quem está no centro de saúde é que consegue compreender", disse o sindicalista.

O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Moura Reis, disse à Lusa estar surpreendido com o alerta do sindicato, porque deu indicações no início de Julho para que fosse usada outra sala das instalações, mais espaçosa, com refrigeração e que não obriga ao transporte de cadáveres pelos corredores daquela unidade de saúde. Moura Reis disse ter entrado hoje em contacto com os responsáveis do Centro de Saúde de Vila Real de Santo António, reiterando a indicação para a utilização de outra sala.

Questionado sobre a necessidade de obras que permitam uma área adequada para o acolhimento de cadáveres naquele centro de saúde, Moura Reis disse que o espaço é apenas de utilização temporária enquanto se aguarda a recolha pelas agências funerárias ou o encaminhamento imediato para o serviço de medicina legal, localizado em Faro.

Aquele responsável observou, ainda, que a morgue municipal dista cerca de 30 metros do Centro de Saúde de Vila Real de Santo António e pode ser usada quando a capacidade do centro de saúde fica esgotada.

Nuno Manjua disse desconhecer a localização da morgue municipal e adiantou que os profissionais, até esta manhã, não teriam recebido indicações para o uso de outra sala no centro de saúde ou para o encaminhamento para a morgue.

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