Plataforma acompanha 20 jovens saídos de instituições

Estrutura funciona na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e conta com 30 voluntários.

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Nuno ferreira Santos/Arquivo

Cerca de duas dezenas de jovens, saídos ou em vias de sair de lares de infância e juventude, estão a ir à Plataforma de Apoio a Jovens Ex-Acolhidos, projecto lançado no início deste ano por João Pedro Gaspar, investigador do Instituto de Psicologia Cognitiva da Universidade de Coimbra (UC).

João Pedro Gaspar trabalha em instituições de acolhimento para crianças e jovens em risco há mais de 15 anos. Em 2014 concluiu o doutoramento na UC sobre “os desafios da autonomização”. De forma informal, foi acompanhando alguns jovens que tinham de sair por terem atingido a maioridade. Desde Janeiro deste ano, fá-lo de forma formal, através desta plataforma, que funciona na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC. Não sozinho. O número de voluntários passou de dez, no arranque, para 30.

“Enquanto acolhidos, precisavam de colo, de carinho, de educação, de competências. Enquanto ex-acolhidos, têm essas e outras necessidades”, explicou ao PÚBLICO numa curta conversa telefónica. Precisam, desde logo, de tecto, de comida, de roupas, por vezes, de medicação. E têm de optar entre recomeçar sozinhos e regressar às famílias desestruturadas às quais um dia foram retirados por elas os colocarem de alguma forma em perigo.

Nem todos os jovens que ali vão têm as mesmas necessidades, sublinha João Pedro Gaspar. Alguns carecem de apoio pontual ou burocrático. Pedem ajuda para requerer rendimento social de inserção, fazer um currículo, procurar trabalho, por exemplo. Outros precisam de um apoio continuado, que pode passar, por exemplo, por acompanhamento psicológico.

Há casos muito complexos. O professor dá o exemplo de um rapaz que saiu há pouco de um lar: “Não possuía cartão do cidadão, tinha medicação psiquiátrica imprescindível para comprar e não a tomava há mais de um mês por falta de dinheiro, dois processos judiciais em curso, um deles grave e urgente; estava sem habitação, emprego, autoconfiança, com défices de competências sociais e emocionais.”  Não lhe parece que casos como este devam ficar sem resposta. O apoio que lhe está a ser dado passa, por exemplo, pelo acesso a documentação e a medicação, mas também por acompanhamento médico, habitação e emprego.

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