Mulheres excitam-se mais com filmes de cariz sexual do que os homens, revela estudo

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Os voluntários do Sexlab foram expostos a filmes eróticos Manuel Roberto (arquivo)

Investigação do Sexlab envolveu 60 voluntários. Emoções positivas são determinantes para o prazer

O pensamento e as emoções positivas são determinantes para o prazer sexual. A tese surge confirmada num estudo pioneiro sobre sexualidade realizado em Portugal e vem suportar a importância das psicoterapias no tratamento das disfunções sexuais. A investigação, desenvolvida pelo Sex-lab da Universidade de Aveiro e que é hoje apresentada no Porto, no 10.º Congresso da Federação Europeia de Sexologia, chegou ainda a conclusões inesperadas: perante a visualização de filmes de cariz sexual, as mulheres apresentaram sensações de excitação e prazer superiores às dos homens.

A investigação, realizada em laboratório - foram analisados os estímulos de 60 portugueses (30 homens e 30 mulheres) à observação de filmes de conteúdo sexual -, veio, assim, confirmar a influência que as variáveis psicológicas podem ter na resposta sexual.

"O estudo indicou que o afecto positivo - emoções positivas no decorrer da visualização dos filmes - e os pensamentos de cariz sexual foram os melhores preditores das sensações de excitação e prazer", diz Pedro Nobre, coordenador do Sexlab. Quer isto dizer que, "para melhorar a satisfação e o prazer sexual, é fundamental que haja pensamentos e emoções positivas", destaca ainda o investigador.

Numa altura em que se mantém a expectativa relativamente ao surgimento do "comprimido azul para as mulheres", este estudo vem demonstrar que "talvez não valha a pena esperar, uma vez que as variáveis psicológicas são determinantes", argumenta Pedro Nobre. Perante esta conclusão, não restam grandes dúvidas quanto à importância das "psicoterapias cognitivas no tratamento das disfunções sexuais, visando sobretudo a modificação das emoções e pensamentos negativos associados à actividade sexual, que são típicos dos homens e mulheres com estas dificuldades", conclui o coordenador do Sexlab.

Outro dado apurado no estudo desenvolvido ao longo do último ano apanhou de surpresa os próprios investigadores, uma vez que contraria uma tendência apurada em vários estudos internacionais. No estudo português, perante a visualização dos filmes de conteúdo sexual, as mulheres acusaram uma resposta sexual subjectiva (sensações de excitação e prazer sexual) em média superior aos homens. Ainda que ao nível da resposta sexual fisiológica (erecção e vasocongestão vaginal) a diferença entre géneros não tenha sido significativa, a análise da resposta subjectiva revela-se "inesperada", abrindo caminho à necessidade de serem avaliadas várias hipóteses, avança o coordenador do estudo.

Muitos voluntários

Num ápice, centenas de portugueses responderam ao apelo lançado há um ano pelo Sexlab para se voluntariarem para este estudo sobre sexualidade, sendo que muitas destas pessoas "tinham algum tipo de problema ou dificuldade sexual", nota Pedro Nobre, que coordena esta unidade laboratorial de investigação em sexualidade humana da Universidade de Aveiro. O investigador acredita que grande parte dos indivíduos que se ofereceram como voluntários e que tinham dificuldades sexuais buscava neste estudo a oportunidade de "conhecer melhor e resolver o seu problema". O que pode, na perspectiva de Pedro Nobre, evidenciar a falta de respostas para este tipo de tratamentos no Serviço Nacional de Saúde. "Há algumas consultas nos grandes centros e nos principais hospitais, mas mesmo essas consultas têm vindo a diminuir e estão em risco de desaparecer", lamenta o investigador.

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