Pedro Dias acusado de homicídios de Aguiar da Beira

Acusação relativa a baleamento de mulher que continua hospitalizada será deduzida num processo autónomo, tal como responsabilização de vizinha que ajudou suspeito.

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O suspeito dos crimes de Aguiar da Beira, Pedro Dias, a chegar ao tribunal, a 10 de Novembro Sergio Azenha

O Ministério Público da Guarda deduziu acusação contra Pedro Dias pela prática de dois crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, dois crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada e três crimes de sequestro, divulgou a Lusa nesta quinta-feira.

O arguido suspeito da prática dos crimes de Aguiar da Beira, no distrito da Guarda, foi ainda acusado de crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas, lê-se num comunicado publicado no sítio de Internet da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra.

Segundo a fonte, o inquérito teve início em 11 de Outubro de 2016, na sequência dos homicídios de um militar da GNR e de um cidadão residente em Trancoso, e das tentativas de homicídio de um outro militar da GNR e de uma cidadã também de Trancoso, sendo que estas duas vítimas e uma outra pessoa de Arouca foram ainda sujeitas a sequestro.

"Atenta a natureza urgente desse processo, foi extraída certidão para instauração de inquérito autónomo relativamente a factos praticados contra uma cidadã residente em Trancoso", a fim de permitir o apuramento das consequências "das graves lesões que lhe foram infligidas", refere aquela nota. Trata-se da viúva do automobilista que o arguido terá morto quando o casal se dirigia para uma consulta de fertilidade e Pedro Dias mandou parar o carro em que seguiam. A mulher foi baleada e continua hospitalizada, tendo sido transferida para uma unidade de cuidados paliativos. 

Foi também extraída certidão para abertura de um processo autónomo contra a mulher suspeita de ter escondido Pedro Dias em casa, uma cidadã residente em Arouca, por crime de favorecimento pessoal. A investigação dirigida pelo Ministério Público foi executada pela Polícia Judiciária da Guarda.

A mesma fonte refere que por se verificar perigo de fuga, perigo para a conservação e veracidade da prova, perigo de continuação da actividade criminosa e perigo de grave perturbação da ordem e tranquilidade públicas, o Ministério Público requereu que o arguido continuasse em prisão preventiva, medida à qual se encontra sujeito desde 8 de Novembro de 2016 e que terminará a 10 de Maio, se não for prolongada entretanto por mais tempo.

O suspeito de um duplo homicídio em Aguiar da Beira foi presente ao tribunal da Guarda, para primeiro interrogatório, no dia 10 de Novembro de 2016.

O homem entregou-se a 8 de Novembro de 2016 à PJ, em Arouca, num acto testemunhado pela RTP e pelo Diário de Coimbra.

O primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção aconteceram 30 dias após os incidentes em Aguiar da Beira, que culminaram com a morte de duas pessoas, um deles um militar da GNR, e três feridos.

O suspeito estava desaparecido desde 11 de Outubro, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda. Um morreu e um outro ficou ferido, estando já fora de perigo e a convalescer em casa. Por se tratar de uma testemunha-chave e o Ministério Público temer que Pedro Dias a possa tentar contactar através de terceiros, por forma a que modifique o seu depoimento sobre o sucedido, o guarda continuará a beneficiar de protecção policial. 

Com 44 anos, Pedro Dias ficou em prisão preventiva na cadeia da Guarda, mas no dia 12 de Novembro de 2016 foi transferido para a cadeia de alta segurança de Monsanto, em Lisboa.Diz a acusação que na altura dos crimes agiu com frieza de ânimo, indiferença e desprezo pela vida humana. 

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