Motorista que trabalha com Uber agredido no Porto

Condutor terá sido pontapeado por três taxistas, que o terão obrigado a abandonar a sua viatura.

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PSP ainda está no local a identificar os suspeitos.

Um motorista de 32 anos que trabalha com a Uber terá sido agredido ao início da tarde desta sexta-feira, no Porto, onde ainda decorre um protesto de taxistas que consideram ilegal a forma como opera aquela multinacional norte-americana que liga clientes e condutores que transportam passageiros.

Um porta-voz da Uber, Francisco Teixeira, adianta que o motorista foi agredido a pontapé junto à Praça da Batalha, no Porto, depois de ter sido obrigado a abandonar a sua viatura. “O motorista foi obrigado a fugir para dentro de um hotel e a chamar a polícia”, adianta.

Às 16h,Vítor Pessegueiro, dono da empresa onde o motorista trabalha, explicava ao PÚBLICO que se encontrava num hospital privado, no Porto, com o seu funcionário que, neste momento, estava a ser assistido. "Se não fosse a ajuda dos populares não sei o que teria acontecido", afirma o empresário, que garante que o seu  condutor apresenta sinais das agressão. "Tem a cara empolada e escoriações nas mãos. E com tudo isto está muito abalado", descreve. O condutor já teve alta, não tendo os méditos detectado nenhum problema além das escoriações

O proprietário da empresa Honras e Cortesias precisa que o condutor foi chamada ao aeroporto Francisco Sá Carneiro para ir buscar uns turistas australianos que se deslocavam para um hotel na zona da Batalha. "Antes ainda de parar o carro atiraram-lhe com ovos e com pedras", relata o empresário. Mesmo assim, o motorista fez questão de sair do carro para ajudar a descarregar as malas dos turistas que transportava. Foi nessa altura, por volta das 15h, que segundo Vítor Pessegueiro,o condutor foi agredido por "três homens encorpados"  que este acredita serem taxistas.   

A informação foi confirmada pelo porta-voz do Comando Metropolitano da PSP, António Veiga, que indica que aquela força foi chamada ao local para "uma agressão ou tentativa de agressão por parte de três taxistas a um condutor que trabalha com a Uber". "Não foi accionada nenhuma assistência médica para o local", adiantou.

Já Vítor Pessegueiro estava a dar assistência ao motorista agredido, cerca de 20 minutos após o incidente, quando uma outra funcionária lhe ligou "em pânico e a chorar" porque tinham atirado ovos e pedras a um outro Nissan, 100% eléctrico, - os chamados Uber Green - que estava a operar na Estação de Campanhã. "A viatura tem um ou dois vidros partidos", lamenta o empresário, que conta que a condutora foi obrigada a chamar a polícia face à intimidação de um grupo grande de homens. "Ela não foi agredida porque não saiu do carro", acrescenta.

Vários taxistas que participaram na marcha lenta desta manhã confirmaram ao PÚBLICO a existência de um piquete de taxistas em Campanhã, que tem o objectivo de identificar e intimidar os motoristas que trabalham com a Uber. 

A multinacional norte-americana emitiu já depois das 19h um comunicado onde lamenta "os actos de violência" nas ruas do Porto e pede "ao Governo e às autoridades que ajam para garantir a segurança de utilizadores, motoristas e do público em geral".

A empresa diz saber que o sector do táxi "tem enfrentado vários desafios ao longo dos anos", em parte, porque lei que regula a área está "desactualizada e desadequada às necessidades de mobilidade das pessoas nos dias de hoje". Por isso, a Uber Portugal insiste que é importante garantir que os táxis "beneficiam com o crescimento da procura por soluções de mobilidade on-demand, e que têm ao seu dispor as tecnologias necessárias".

Nesse sentido, saudam a abertura do Governo a novas formas de mobilidade, e reiteram o empenho "em participar num diálogo construtivo, com todas as partes, para a criação de um quadro regulatório moderno que vá de encontro às necessidades dos consumidores, e que permita que todos os operadores, incluíndo os táxis, possam beneficiar com o uso da tecnologia".

 

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