Mortes nas praias aumentaram, mas época balnear até foi boa, diz ISN

Houve mais mortes súbitas devido ao calor e à idade dos veraneantes. Também houve muito mais gente nas praias.

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Nove das 17 mortes ocorreram em zonas não vigiadas LM MIGUEL MANSO

Não tivessem sido os casos de morte súbita nas praias portuguesas e o balanço desta época balnear até não seria muito diferente do registado em 2015, atendendo às multidões que, devido ao calor, acorreram às praias portuguesas. Quem o diz é Nuno Leitão, porta-voz do Instituto de Socorros a Náufragos, a propósito do balanço de mortes nas praias divulgado neste sábado pela Autoridade Marítima Nacional.

Sem outras explicações, este balanço diz-nos que entre 1 de Maio e 30 de Setembro morreram nas praias 17 pessoas, quando em 2015 este número tinha sido de sete. Os dados de 2016 quebrariam assim a tendência de decréscimo que se tem vindo a registar desde 2000, quando o número de mortes foi de 28. Mas Nuno leitão, em declarações ao PÚBLICO, diz que “esta análise não pode ser feita assim”, porque no balanço apresentado pela Autoridade Marítima também existem outros dados.

Por exemplo, o número de mortes súbitas, as quais não dependem da possibilidade de socorro no mar. Registaram-se quatro, vitimando pessoas entre os 65 e os 85 anos. “Há 35 anos que não se registava tanto calor, o que poderá justificar estas ocorrências por se tratar já de pessoas com idade mais avançada e, por isso, mais vulneráveis às altas temperaturas”, justifica Nuno Leitão.

As mortes por afogamento foram portanto 13, nove das quais em zonas não vigiadas. “Foi uma época balnear boa, atendendo ao elevado número de pessoas que procuraram as nossas praias; quando tal acontece existem maiores probabilidades de acidentes”, destacou Nuno Leitão. Das mortes por afogamento, cinco registaram-se no Algarve, onde devido ao aumento da temperatura da água, e ao vento de Levante, se registou um aumento dessas verdadeiras armadilhas marítimas chamadas agueiros, que se formam junto à costa. Adianta Nuno Leitão que chegaram a pôr em risco alguns nadadores-salvadores. Dois deles vão ser condecorados no próximo dia 14 por terem conseguido mesmo assim cumprir a sua missão, um do Algarve, outro de Leixões.

Das nove mortes por afogamento ocorridas em zonas não vigiadas, três registaram-se em zonas fluviais. Um jovem de 17 anos morreu na zona do Oceanário de Lisboa e dois adultos perderam a vida nos rios Douro e Arede, em Portimão. Quanto aos afogamentos registados em praias vigiadas, para além do Algarve, dois ocorreram em Leixões, outros tantos na Póvoa de Varzim e um na praia fluvial de Crestuma (rio Douro). A idade destas vítimas oscilou entre os 14 e os 83 anos.

No conjunto foram contabilizadas 1317 intervenções de nadadores-salvadores.  

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