Ministro quer reduzir urgências em 10% para investir nos centros de saúde

Redução permitiria poupança de 48 milhões de euros, segundo disse Adalberto Campos Fernandes no Parlamento.

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O ministro da Saúde foi ao Parlamento falar sobre as suas opções para o sector Fernando Veludo

O ministro da Saúde quer reduzir em 10% as urgências hospitalares, uma medida com a qual espera poupar 48 milhões de euros anuais, necessários para investir nos cuidados de saúde primários.

Na sua primeira audição na Comissão Parlamentar da Saúde enquanto ministro, e a propósito do exercício orçamental para este ano, Adalberto Campos Fernandes insistiu nas escolhas e exemplificou com a área das urgências hospitalares. "Se conseguirmos reduzir 10% dos seis milhões de urgências hospitalares anuais, obteremos uma poupança de 48 milhões de euros", afirmou.

Para o ministro, "este dinheiro seria muito mais bem utilizado na abertura de mais Unidades de Saúde Familiar (USF) e na contratação de mais médicos e enfermeiros de família". Adalberto Campos Fernandes referiu que pretende "fazer coisas diferentes, com o mesmo dinheiro".

Sobre as taxas moderadoras, que se tinha comprometido a baixar, anunciou que os utentes que cheguem à urgência hospitalar referenciados pelos cuidados de saúde primários não pagam taxa moderadora e vão deixar de pagar as análises que façam nesse atendimento. "Vamos transformar as taxas, não em copagamento, mas sim como estão interpretadas na Constituição da República", disse.

Outro exemplo apontado de mudanças a implementar, nomeadamente para fixar os médicos em regiões desguarnecidas destes profissionais, como o Algarve, passa por proporcionar uma progressão da carreira mais rápida para os que optem por ir para essas zonas. "Porque não o jovem cardiologista chegar a chefe de serviço mais depressa, por ter passado por unidades de saúde nestas regiões?", questionou.

Ainda a propósito das urgências, já em declarações aos jornalistas, o ministro explicou que estão a estudar uma forma de os médicos com mais de 55 anos continuarem a fazer urgências, por considerar que estes são uma garantia de segurança clínica do SNS. Questionado sobre a forma como a equipa ministerial vai convencer estes profissionais a fazer urgências após os 55 anos, Adalberto Campos Fernandes lembrou que está em curso uma nova fase da reorganização das urgências.

A este propósito, sublinhou a importância de "alterar o paradigma da procura" das urgências hospitalares, que ascende a seis milhões todos os anos. Ainda no capítulo dos incentivos, Adalberto Campos Fernandes disse que espera convencer os médicos a trabalhar nas áreas com menos profissionais, proporcionando-lhes uma mais rápida progressão na carreira.

Antes da declaração do ministro da Saúde, o deputado Miguel Santos (PSD) falou aos jornalistas para dizer que durante a audição o ministro não foi capaz de dar garantias de que situações como a que terá levado à morte de um jovem no Hospital de São José, em Lisboa, por alegada falta de assistência especializada, não se repitam.

Adalberto Campos Fernandes estranhou a acusação e disse aos jornalistas que tinha acabado de informar os deputados de que no próximo dia 29 será apresentada a nova organização da Urgência Metropolitana de Lisboa (UML), bem como a forma como os profissionais serão financeiramente compensados.

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